O número de mortes ocasionadas por acidentes de trânsito caiu em 30% no Brasil, entre os anos de 2011 e 2020, segundo dados divulgados pelo Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), da Secretaria Nacional de Trânsito, pasta do Ministério da Infraestrutura. A redução, apesar de não ter atingido a meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 50%, representa avanços.
Para que se tenha ideia, em 2011 o Brasil registrou 44.553 mortes resultantes de acidentes de transporte. O número baixou para 33.625 em 2018 e para 11.647 em 2021. Já o número de acidentes em 2021, foi de 632.764 registros, volume 33% menor se comparado ao ano de 2020, que registrou 845.872 acidentes.
Participe dos canais do Mobilidade Sampa: X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, Threads, Bluesky, YouTube, LinkedIn ou canais no WhatsApp e Telegram
Com as novas regras no Código Brasileiro de Trânsito (CTB) – que passaram a valer neste ano – e investimentos em educação e planejamento estratégico especialistas acreditam que os números de acidentes no Brasil deverão melhorar.
Entre as tecnologias que têm ajudado a reduzir o número de acidentes no trânsito estão os radares, que atualmente são dotados de softwares que também conseguem emitir dados referentes à quantidade de pessoas que se deslocam de uma origem a um destino, de acordo com o horário, modo de transporte utilizado, (matriz origem-destino), velocidade média, tempo médio de percurso, entre outros.
O especialista em mobilidade, Guilherme Araújo, conta que a partir dos dados gerados pelos radares é possível comprovar uma redução média de até 35 vezes no comportamento irregular dos condutores em locais em que os equipamentos estão instalados.
“Existe uma relação óbvia de redução de mortes por acidente de trânsito com o incremento da fiscalização eletrônica. O monitoramento auxilia as administrações de trânsito municipais e estaduais no planejamento, reduzindo os riscos de mortes causadas por acidentes”, afirma Guilherme. Segundo ele, isso acontece porque existem equipamentos que conseguem emitir informações relevantes, como é o caso dos que controlam velocidade. “Medir é uma forma de gerenciar e possibilitar a tomada de decisões de forma assertiva”, completa.
Grandes números
O relatório de março deste ano, publicado pelo Ministério da Infraestrutura, apontava uma frota de 112.173.572 milhões de veículos no Brasil.
Dados gerados mensalmente pela Velsis, uma das empresas brasileiras responsável pela fabricação de tecnologia em mobilidade, monitora três vezes mais do que o valor da frota nacional em passagens de veículos. Ao todo, são 370 milhões de passagens fiscalizadas por meio de equipamentos instalados em rodovias e vias do país.
“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os radares servem para garantir a segurança da população. Ao aferir a velocidade, a tecnologia ajuda a evitar acidentes e mortes em vias, rodovias e em locais como no entorno de escolas, hospitais e residências”, afirma Guilherme Araújo.
Os radares
Com tecnologias que variam entre o laço indutivo, doopler (ultrassom), laço virtual (cálculo sobre imagem) ou laser – são capazes de capturar informações sobre presença e tempo de passagem dos veículos, permitindo registrar informações estatísticas e as infrações de trânsito. Entre elas, veículos acima da velocidade permitida, parada sobre faixa de pedestres, avanço de semáforo no vermelho, fluxo em contramão e conversão proibida.
A combinação de equipamentos de captura e processamento de imagens das placas de veículos (OCR/LPR) e de um software com inteligência artificial faz com que o sistema seja classificado como não intrusivo, ou seja, reduz o período de manutenção e necessidade de interdição de obras nas pistas para realizar a sua implantação.
A tecnologia LAP (Leitura Automática de Placas), por exemplo, incorporada aos radares eletrônicos, é capaz de proporcionar a leitura da placa dos veículos e verificar, em questão de segundos, a situação em relação a débitos, indicativos de furtos, ou bloqueios. “O equipamento é um auxiliar na fiscalização do trânsito. Além da segurança ocasionada pela redução de velocidade, os radares contribuem para a melhora da gestão das vias, para a gestão do tráfego e convidam o cidadão a cumprir diariamente as normas estabelecidas”, completa Guilherme Araújo que também é diretor-presidente da Velsis.
Redução de acidentes
Em Salvador, por exemplo, os equipamentos de fiscalização estão instalados em locais estratégicos, nos principais corredores de trânsito da cidade e têm uma finalidade muito importante para garantir a segurança em todas as épocas do ano. “Isso inclui a região das praias, onde sabidamente o consumo de álcool é maior. Nestes pontos os equipamentos de trânsito estimulam o respeito à sinalização semafórica e os limites de velocidade”, afirma o diretor de Trânsito da Transalvador, Marcelo Correa.
Ele conta que os equipamentos tecnológicos são essenciais para os resultados positivos que vêm sendo obtidos nos últimos anos para o monitoramento de veículos e pedestres e da própria segurança pública. Salvador conseguiu reduzir em 50% o número de mortes no trânsito nos últimos dez anos, saindo de 260 mortes ao ano para 130 mortes por ano.