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terça-feira, abril 16, 2024

UNICEF e NOSSAS formam cerca de 100 adolescentes e jovens de São Paulo e Rio de Janeiro no projeto Geração que Move

O projeto Geração que Move tem o poder de transformar a realidade de adolescentes e jovens ao engajá-los a impactar a agenda da mobilidade urbana de suas cidades. A iniciativa que está formando cerca de 100 novos ativistas em São Paulo e Rio de Janeiro é realizado numa parceria do UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância e a ONG NOSSAS. As campanhas de mobilização resultantes do projeto serão lançadas no dia 26 de maio e vão alcançar 200 mil pessoas.

De segunda a sexta-feira, Rebecca Barbosa, adolescente de 17 anos que integra o projeto, pega uma kombi por volta das 6h30 para sair do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Uma vez fora do bairro, ela pega mais um ônibus para chegar à escola, onde está cursando o 3º ano do Ensino Médio. Apesar do subsídio que o município dá a estudantes usuários do transporte público, reduzindo a tarifa durante a semana, o benefício não inclui a kombi, que não é regulamentada pelo governo. A kombi e o mototáxi são as únicas opções para os moradores da comunidade, já que a prefeitura não opera transporte público no Alemão. E lá fora, os ônibus, sempre lotados, vêm registrando muitos atrasos.

Rebecca Barbosa (17), integrante do projeto Geração que Move, em sua primeira visita à Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

Além de gastar pelo menos R$ 200 por mês só com passagens de kombi para ir à escola, no fim de semana, Rebecca não pode contar com o subsídio da prefeitura. Qualquer passeio fica ainda mais caro e, por vezes, não acontece. “No Geração que Move eu aprendi que por causa das dificuldades de mobilidade, a favela fica privada de cultura, diz a adolescente. Rebecca ficou encantada com a visita do Geração que Move à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica no Palácio Pedro Ernesto, repleto de obras de arte: “O tour foi surreal, adoro arquitetura antiga! E na hora do debate público sobre mobilidade com as vereadoras, fiquei muito interessada na análise interseccional da questão, quero continuar defendendo essa abordagem para todas as pautas em que me envolver”, conta.

O Geração que Move começou com uma formação sobre mobilidade urbana, direito à cidade, criação de mobilizações online, escrita de narrativa, táticas criativas e design ativista, seguido de visitas às Câmaras Municipais do Rio e de São Paulo, apelidadas de “rolezinhos”. Para Maíra Baracho, gestora do projeto e da frente de treinamento do NOSSAS, esse segundo momento é crucial ao projeto: “Aproximar a juventude dos espaços de tomada de decisão é fundamental para termos uma democracia tão forte quanto queremos no Brasil. Os rolezinhos foram realizados para simbolizar e demarcar esse desejo e essa intenção. Os adolescentes e jovens circularam pelos corredores da casa do povo, amplificaram suas vozes e se fortaleceram para incidir nas políticas públicas de mobilidade nas suas cidades”, comenta.

Rolezinho SP
Adolescentes e jovens do projeto Geração que Move na Câmara Municipal de São Paulo (Foto: Divulgação)

“O direito à mobilidade afeta diretamente a realização de muitos outros direitos, como acesso à escola, à cultura, às oportunidades de trabalho. Adolescentes e jovens de grandes cidades, especialmente moradores de territórios mais vulneráveis, têm o desafio diário de acessar de forma segura e igualitária espaços, serviços e oportunidades. Só vamos conseguir avançar no debate e nas soluções com a participação ativa dos próprios adolescentes e jovens”, comenta Joana Fontoura, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF no Rio de Janeiro.

Campanhas de mobilização

Após as visitas às Casas Legislativas das duas cidades, a atual etapa do Geração que Move é a criação de campanhas de mobilização relacionadas à mobilidade urbana. “Estou gostando muito das aulas porque nos ensinam realmente como pressionar o poder público, não é só chegar na rua e protestar, tem que saber articular tudo. Hoje eu tenho uma noção de cidadania aprimorada, sei os recursos que posso usar”, explica Pedro Urioste, de 16 anos, morador da Vila Rosa, na Zona Norte de São Paulo, e participante do projeto.

Pedro conta que pega dois ônibus para chegar à escola, onde cursa o 2º ano do Ensino Médio. Apesar da distância entre a casa e o colégio ser curta, não existe uma linha de ônibus direta que ele possa utilizar. O congestionamento do trânsito, somado à rota dos ônibus que dão muitas voltas, faz com que ele leve 40 minutos para chegar ao destino. O metrô não é uma possibilidade: a estação mais próxima fica a 3 km de onde ele mora, são 50 minutos de ônibus até chegar lá, um trajeto que fica para os finais de semana, quando ele vai ao estádio de futebol, por exemplo, um de seus programas favoritos. “É frustrante não ter um meio mais rápido para chegar aos lugares. E a qualidade do transporte não é condizente com o preço que a gente paga. Além disso, as ruas da minha região são muito esburacadas, não vemos a prefeitura resolver esses problemas na periferia”, desabafa.

Entre as campanhas de mobilização do Geração que Move que estão sendo criadas por adolescentes e jovens como Pedro e Rebecca estão:

  • Super Choque: reivindicação do cumprimento da Meta 50 do Programa de Metas 2021-2024 da Prefeitura, que prevê, entre outras medidas, que 20% da frota seja composta por veículos elétricos (SP);
  • Vagão Delas: destinar 50% da frota dos vagões de trem e metrô para mulheres para fins de segurança contra assédio (SP);
  • De demora já basta a do 745M-21, vem logo, busão!: cumprimento dos horários acordados para a linha 745M/21 e reivindicação de funcionamento nos finais de semana (SP);
  • MobiliTEA: acessibilidade para autistas no transporte público (RJ);
  • Como que chega?: reativação da linha semi-expressa BRT Alvorada – Galeão (RJ).

Todas as campanhas têm base em projetos de Lei que ainda não foram aprovados ou leis/regras do transporte público que não estão sendo cumpridas ou precisam ser melhoradas.

Depois de divulgar as campanhas pelas redes sociais, os participantes do Geração que Move vão realizar oficinas educativas em escolas públicas de suas comunidades para mobilizar mais adolescentes e jovens na causa, multiplicando o ativismo em prol da mobilidade urbana.

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