Em um cenário de incertezas, restrições de viagens e medidas de isolamento que culminaram em uma queda brusca do PIB global do turismo, a Casai, startup de hospedagem latino-americana, contrariou as estatísticas e cresceu 15 vezes no Brasil em 2021. Após três anos de existência e um ano do lançamento oficial no Brasil, o País tornou-se o principal mercado da companhia, passando a representar mais de 50% de sua presença global e um aumento na receita de mais de três vezes no ano.
O sucesso não foi acidental: com um modelo de negócios baseado em tecnologia e centrado no cliente, a Casai se apoia em dados e um sistema NLP (Natural Language Processing) que identifica tendências e necessidades específicas dos hóspedes. Um exemplo de insight gerado por essa inteligência artificial é a conclusão de que o mercado, anteriormente formado por estadias mais curtas de pessoas viajando a lazer ou negócios, se transformou e agora é predominantemente de estadias mais longas com pessoas que trabalham remotamente e aproveitam para fazer atividades de lazer (popularmente chamado de bleisure).
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Os dados internos da Casai indicaram esta mudança de atitude e a empresa passou a oferecer serviços e valores que atraíssem este mercado. Foi com base nessa capacidade analítica que a startup se reinventou rapidamente e prosperou nos últimos dois anos, se destacando no setor de estadias de médio e curto prazo, atingindo uma ocupação média de 90% – quase o dobro do número observado no setor de hotelaria no período, segundo dados divulgados por um estudo da consultoria global STR.
Por meio de um algoritmo de precificação desenvolvido internamente, a Casai consegue entender e reagir às condições do mercado para aumentar o potencial de receita gerada por cada unidade, o que beneficia os proprietários e faz com que o negócio da proptech se mantenha sustentável mesmo em meio a cenários desafiadores. Além disso, a base de clientes avança rapidamente graças a uma proposta de experiência do usuário que combina alta qualidade nas instalações e localidade, inserindo os hóspedes no cenário cultural da cidade por meio de dicas personalizadas, roteiros e uma decoração valorizada por obras de arte criadas por artistas da região.
A nova era da hospitalidade
Segundo a Organização Mundial de Turismo, mesmo após leve recuperação, em 2021 os desembarques internacionais nas Américas ficaram 63% abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Globalmente, o mercado movimentou no mesmo período cerca de US$ 1,9 trilhões, número significativamente menor do que os US$ 3,5 trilhões observados antes que o Covid-19 se espalhasse pelo mundo.
Embora as medidas de isolamento social tenham representado um baque para o turismo, outras tendências motivadas pelo momento de trabalho remoto e nomadismo digital movimentam o mercado.
“A hospitalidade nunca mais será a mesma. As pessoas irão estender suas viagens e as acomodações deverão estar alinhadas com as necessidades do trabalho remoto – vimos que, desde o início da pandemia, o tempo médio de permanência nas nossas unidades aumentou de quatro para trinta dias”, comenta Nico Barawid, CEO e cofundador da Casai.
O executivo explica que, por sua proposta disruptiva, a empresa conseguiu se adaptar perfeitamente a esse novo perfil de hospedagem: “Nós fornecemos aluguel de equipamentos de ginástica e facilidades para trabalhar em casa, como mesas e monitores. Também implantamos tecnologia para o check-in contactless por meio de fechaduras inteligentes, um aplicativo de concierge disponível sete dias por semana e tecnologia smart home. Revisamos nosso aplicativo para destacar a segurança, higiene e serviços de concierge alternativos, adequados à vida em isolamento”, destaca.
Oferecendo ambientes preparados para atender às necessidades de um executivo, como uma conexão de internet de alta velocidade e área para trabalho, a empresa passou a atender a uma demanda crescente de profissionais que constantemente viajam a negócios, público que representou, pelo menos, um quarto das estadias no último ano. Além deles, os nômades digitais – usuários que viajam, vivem e trabalham no modelo “anywhere office” – são um perfil que vem crescendo duas vezes mais rápido que os demais, de acordo com dados internos da proptech.
Os resultados acima da média aliados a uma proposta consistente de hospedagem que reúne tecnologia, design, localidade e hospitalidade de alto nível atraíram também players do setor em busca de um modelo de negócios que visa a entregar mais rentabilidade para proprietários de imóveis. Assim, de olho na tendência do mercado de investimentos imobiliários, a Casai encerrou um ano de realizações importantes. Em dezembro, lançou seu primeiro FII na B3, sob o ticker APTO11. Em parceria com a Navi Capital e distribuição pela corretora XP, a Casai atua como administradora dos imóveis disponibilizados como ativos do fundo de short stay.
A estratégia de crescimento da Casai se fortaleceu por meio de iniciativas agressivas de crescimento inorgânico que incluíram a aquisição das operações da Q Apartments em São Paulo e um acordo comercial com a empresa na América Latina, além de absorção das unidades da Roomin, em Florianópolis. Mais recentemente, a empresa se uniu à Six Stays e passou a gerir mais 80 unidades no mercado paulistano, ultrapassando assim a marca total de 1200 apartamentos em seu portfólio.
Depois de ter levantado uma das maiores rodadas de série A para uma startup na América Latina com 53 milhões de dólares comandanda por gestoras de venture capital como Monashees Capital, Kaszek Ventures e Andreessen Horowitz, a Casai mostra que, em 2022, pode se tornar o primeiro unicórnio de hospitalidade sediado no México.