O último dia do C-Move (Congresso da Mobilidade e Veículo Elétrico), que aconteceu no Transamérica Expo Center, em São Paulo, apresentou as soluções de startups no universo da mobilidade elétrica.
Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos conduziu a abertura do painel, resgatando o contexto da mobilidade elétrica, desde a criação do primeiro veículo elétrico, em 1828, até os dias atuais. “Na era da inovação acelerada, trabalha-se a mobilidade como serviço e a expansão para E-boats, drones, monociclos, entre outros. Este é um caminho sem volta”, comenta Ricardo Guggisberg.
Na sequência, Eduardo Albuquerque, co-founder da Conquer Labs, e Rafael Appugliese, Chief Marketing Officer da Zazcar, deram uma visão da mobilidade, sob o olhar das Startups.
Eduardo Albuquerque apresentou um cenário geral, ressaltando a importância das empresas, independente do segmento de atuação, estarem conectadas à transformação digital, agregando ao time novos perfis de profissionais, como programadores, designers e cientistas de dados para garantir a inovação e a sustentabilidade do negócio.
“É tão importante essa conexão, pois quando acreditamos que estamos criando algo novo, alguém está criando algo ainda mais novo. Isso não vai parar”, avalia Eduardo Guggisberg.
Aplicativo de aluguel de carro
Para elucidar a velocidade da transformação digital, Rafael Appugliese, do Zazcar, compartilhou a experiência do aplicativo, criado há três anos, para o aluguel de veículos. Com ele, o usuário escolhe o carro, o local mais próximo para retirada, destrava e gerencia o uso.
“São mais de 200 carros, disponíveis em mais de 100 estacionamentos, em São Paulo. A devolução deve ser no mesmo local de retirada e o pagamento é com base no tempo usado e na quilometragem percorrida”, enfatiza Rafael Appugliese.
Importante ressaltar que para manter o aplicativo ativo por três anos, a cada quinze dias, o Zazcar implanta uma melhoria, sempre baseada nos feedbacks dos clientes. “Se não tivermos essa conduta, o produto não se sustenta. É preciso estar próximo ao cliente e atender às suas necessidades”, finaliza Rafael Appugliese.
Veículo Elétrico Latino-Americano mostra soluções para mobilidades além do carro
Quem visitou o Veículo Elétrico Latino-Americano pode conferir e conhecer outras soluções que envolvem a mobilidade elétrica, como tendências em geração de energia, carregamento de veículos elétricos, serviços de compartilhamento, micromobilidade, distribuição e gerenciamento de energia.
A Pedalla, marca nacional de bicicletas elétricas que entrou no mercado há um ano, fez sua estreia na feira apresentando dois modelos recém-lançados, que também estavam disponíveis para testes. A Gioia Stabilitá é uma bicicleta elétrica de entrada, reformulada e de pegada mais robusta, enquanto que a Agilitá é uma opção de mountain bike elétrica, apresentada como a mais leve da categoria.
“Algumas pessoas têm uma visão deturpada sobre mobilidade elétrica, principalmente em relação aos preços. Quando elas vêm conhecer as bikes, saem daqui com outra visão, percebem que é possível ter um veículo elétrico”, conta Adnei Lopes, responsável pelas parcerias comerciais da empresa.
A Athon Energia também estreou no Veículo Elétrico e apresentou para o público soluções como, geração de energia, instalação de infraestrutura e uma plataforma digital para gerenciamento e compensação da energia gerada em fazendas solares pela rede da distribuidora.
“O mercado está numa curva inicial de adoção do uso de veículo elétrico, então ainda estamos vendo algumas iniciativas embrionárias e o uso não é massificado por algumas questões inclusive com infraestrutura básica. E essa diversificação de veículos elétricos que estamos vendo inclusive aqui na feira vai demandar, cada vez mais, infraestrutura, aplicações e ferramentas digitais para que a população faça melhor uso desses veículos”, declarou Vladmir Motta, CTO da Athon.
Segundo Cyro Dias, assistente executivo que visitou a feira, as soluções apresentadas no Veículo Elétrico Latino-Americano são importantes para que a população compreenda melhor os caminhos deste mercado e o que pode esperar. “Conseguimos saber onde estamos e para aonde vamos seguir. A feira é importante porque podemos conhecer este caminho e fazer parte da mudança”, disse.
José Feitosa, que é especialista na área de consultoria automotiva e visitante do evento, chamou a atenção para a revolução que o setor de elétricos representa. “Até hoje, o motor a combustão não evoluiu. Outras coisas mudam, mas o motor continua o mesmo. Então, o veículo elétrico vem para quebrar tudo isso, estamos vivendo uma verdadeira revolução”.
Sindirepa debate alternativas para a reparação dos veículos elétricos
Ricardo Cramer, vice-presidente do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), apresentou no C-Move (Congresso da Mobilidade e Veículo Elétrico) como os reparadores estão se preparando para a manutenção dos veículos elétricos.
A partir de uma pesquisa com os profissionais, identificou-se que 80% deles passaram por algum curso ou palestra sobre o tema e 100% possuem intenção de trabalhar na área, focados no underground dos veículos (suspensão, freios, pneus). Além disso, na opinião dos reparadores, o maior obstáculo no segmento é a falta de infraestrutura, com poucos pontos de recarga, falta de tomada padrão, entre outros.
Sobre a manutenção da parte elétrica, o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo faz um alerta. “Orientamos os profissionais a não realizarem reparos de alta tensão, caso não possuam certificação e nem conheçam o veículo em detalhes”, explica Ricardo Cramer.
O representante do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo também destaca que os reparadores estão dispostos a estabelecer parceria com as montadoras para otimizar a manutenção dos veículos. “Isso aconteceria até que fosse viável investir para realizar a reparação em seus próprios estabelecimentos”, complementa Ricardo Cramer.
Outro fator relevante é que alguns reparadores estão inovando. Há casos em que o proprietário fez a instalação de recarga de veículo elétrico para atrair clientes. Em outros, estão investindo na venda de triciclo elétrico. “Todos devemos nos adaptar aos novos tempos. O mercado está aberto para alavancar e expandir”, diz Ricardo Cramer.
Scooter elétrica como opção para as frotas empresariais
Uma das discussões que marcou o encerramento do C-Move (Congresso da Mobilidade e Veículo Elétrico), nesta quinta-feira, dia 3 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, foi sobre os desafios para incentivar as scooters elétricas no Brasil e no mundo.
O debate, liderado por Carolina Ures, da Sidera Consult, foi focado em pontos de um projeto de cooperação técnica, elaborado para o Ministério da Economia, do governo brasileiro, e para o Ministério do governo alemão. Os principais objetivos da iniciativa foram identificar os desafios corporativos, esclarecer usuários potenciais sobre a scooter elétrica e possibilitar a substituição ou expansão para frota elétrica, entre outros.
Os três principais desafios detectados foram capital, informação e regulação. O primeiro está ligado a aspectos que tornam a operação mais cara, como ausência de infraestrutura pública e de políticas governamentais, impostos e taxas, entre outros. O segundo está relacionado ao desconhecimento generalizado sobre o segmento de elétricos e benefícios que podem agregar às frotas.
Já o terceiro requer a organização de itens para determinar a classificação fiscal, criar regulamentação própria para os veículos elétricos e reciclagem de baterias, regras de circulação, incentivos fiscais, etc.
O projeto também mostra os potenciais de demanda no Brasil para as scooters elétricas. “Os principais são serviço de entrega, frotas industriais, sharing, segurança pública e privada, correios e outros serviços públicos e suporte a eventos”, afirma Carolina Ures.
Signei Santos, congressista e pesquisadora do Lactec, considera os híbridos e elétricos ainda distantes da realidade, mas uma tendência muito forte. “As informações compartilhadas no Congresso da Mobilidade e Veículo Elétrico são de alta qualidade e como atuo no campo da pesquisa, é importante estudar e me situar com esse mundo, vislumbrando oportunidades. Não podemos ficar para trás”.