Fraude no sistema do Bilhete Único aumenta 820% no ano passado

A grande quantidade de fraudes no Bilhete Único fez o número de cartões apreendidos ou cancelados pela Prefeitura de São Paulo aumentar 820% em 2016. Se as fraudes antes se concentravam em pequenos pontos de recarga irregular, agora criminosos se organizam em um processo hierárquico em proporções menores.

Dados obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo, por meio da Lei de Acesso à Informação, apontam que em 2016 houve 78.202 cartões apreendidos ou cancelados pelo sistema da SPTrans por irregularidades e fraudes. Em 2015, 8,5 mil cartões haviam sido cancelados, 3,8 mil cartões em 2014 e 3,4 mil cartões em 2013.

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Os números incluem não apenas créditos falsos, mas também cartões com alguma gratuidade (estudante, idoso e pessoa com deficiência) usados de forma irregular. Segundo a SPTrans, a prática de recarga irregular começou a aumentar em 2016. Foi neste ano que teve início a força-tarefa que integra os governos municipal e estadual, com SPTrans, Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), além da ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais, para tentar entender como funciona a fraude.

Até agora, a polícia descobriu que o esquema começa com uma pessoa (ainda não identificada) que fabrica créditos falsos, usando um computador. Esses créditos são transferidos pela internet para outros criminosos, que salvam essas recargas em notebooks e as revendem a outros bandidos em quantias que variam de R$ 10.000,00 a R$ 20.000,00 em créditos. Na sequência, a recarga irregular é feita nos bilhetes que são ofertados nas estações.

Segundo a polícia, no fim do dia, uma pessoa faz o recolhimento e leva a maior parte do dinheiro, que varia entre R$ 600,00 a R$ 900,00 por estação. Essas informações foram coletadas depois dos policiais terem apreendido ao menos 23 notebooks e 2 mil cartões, além de ter detido 39 pessoas, segundo inquéritos analisados pelo jornal O Estado de São Paulo. Atualmente, há equipes de policiais e das empresas de transporte tentando coibir a prática em todas as grandes estações da cidade.

Na maior apreensão desse tipo de crime já feita pela polícia, no ano passado, foram encontrados 452 cartões que, somados, tinham cerca de R$ 600.000,00 em créditos. Eles estavam na posse de quatro homens, três deles com passagem pela polícia. A suspeita é de que o quarto estivesse com eles para comprar os cartões, pois tinha cerca de R$ 4.000,00 em dinheiro.

Fiscalização

A gestão do prefeito João Doria, quer repassar a administração do Bilhete Único para bancos privados para minimizar as fraudes. Pelo bilhete, circulam cerca de R$ 18 bilhões por ano. A SPTrans estima que existam 14,3 milhões de cartões ativos na cidade, mas não consegue precisar o tamanho do prejuízo com as fraudes.

Em resposta ao jornal O Estado de São Paulo, o Metrô de São Paulo informou que “realiza constantes ações de fiscalização nas linhas de bloqueios das estações para evitar qualquer irregularidade, incluindo aquelas que envolvem o uso do bilhete único”. A CPTM informou que realiza fiscalizações “no limite das dependências”, “emite avisos sonoros e faz campanhas orientando os passageiros a só usarem postos oficiais” de compra.

Já a SPTrans destacou que a atual administração “encontrou um volume acentuado de fraudes” e adotou “uma série de medidas para intensificar fiscalização e combate às fraudes”. Em janeiro, a empresa anunciou o cancelamento de 9,9 mil bilhetes por suspeita de irregularidades. Mas ter o cartão bloqueado não é garantia de que houve algum problema. Em alguns casos, trata-se de erro da própria empresa.

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