“Drogados, mendigos, uma gente diferenciada.” Foi essa a maneira como moradores de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, definiram, em 2010, o que aconteceria se ali fosse construída a estação Angélica-Pacaembu, da Linha 6-Laranja do Metrô.
Exatos seis anos depois, começaram as obras da estação no coração do tradicional bairro judaico paulistano. O trânsito de parte da Rua Sergipe foi interditado nesta segunda-feira (8). Nesta terça (9), operários trabalhavam na demolição de casas onde ficarão entradas da estação.
Pedro Iwanov, presidente da Associação Defenda Higienópolis, que organizou um abaixo-assinado contra a construção da estação na esquina da Avenida Angélica com a Rua Sergipe, como estava prevista, diz que a história é “página virada”.
“Nunca fomos contra o metrô, porque é impossível, Higienópolis é um dos bairros mais atendidos por Metrô, tem a Estação Santa Cecília, Marechal Deodoro, Paulista, até a Clínicas. Só éramos contra o local dela”, diz, se referindo à proximidade com a futura Estação Higienópolis-Mackenzie, 600 metros adiante, porque “o Metrô não poderia pegar velocidade”.
“Só queríamos que fosse para mais perto do Pacaembu, mais próximo da Faculdade Faap”, afirma. “Do nosso ponto de vista, a questão se encerrou quando ele mudou de local”. Hoje, duas saídas são construídas: uma ainda na Rua Sergipe, próximo ao local da polêmica, e outra na Rua Armando Álvares Penteado, na lateral da Faculdade Faap.
Após uma moradora dizer ao jornal Folha de São Paulo, em 2010, que a estação atrairia “drogados, mendigos, uma gente diferenciada”, a reação virou piada na internet e um grupo chegou a organizar um “churrascão da gente diferenciada“, em maio de 2011, que reuniu centenas de pessoas na Avenida Higienópolis. A percepção no bairro parece ter mudado.
Presidente da Associação Moradores e Comerciantes de Santa Cecília e Higienópolis, Fábio Fortes diz que o metrô “vem com atraso”. “É um transporte extremamente eficiente, de massa, que atende a demanda da cidade”, afirma.
LINHA 6-LARANJA
A Linha 6-Laranja ligará a Brasilândia, na zona norte, a Estação São Joaquim da Linha 1-Azul, região central, com 15,3 quilômetros de extensão ao longo de 15 estações. A previsão de entrega é em 2021.
Haverá integração com as linhas 1-Azul e 4-Amarela do metrô, além da linha 7-Rubi da CPTM. O custo total da implantação da linha é de R$ 9,9 bilhões.
Fonte: Folha de São Paulo