Apesar de transportar hoje a mesma quantidade de passageiros de 2013, com a queda da demanda puxada pelo desemprego decorrente da atual recessão na economia do país, o metrô de São Paulo teve no primeiro semestre deste ano um número de panes 37% superior ao registrado no mesmo período daquele ano.
É o que aponta levantamento feito pelo portal Fiquem Sabendo com base em dados do Metrô de São Paulo obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
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A reportagem do portal Fiquem Sabendo cruzou as informações sobre o que o metrô chama de ocorrências notáveis (panes que, mesmo que parcialmente, paralisam alguma de suas linhas) com dados acerca do número passageiros transportados revelados por reportagem do “Estadão“ do dia 22 de junho.
De acordo com as informações fornecidas pelo metrô, o primeiro semestre deste ano registrou 44 panes em quatro de suas linhas. Esse número, o maior para este período desde 2011, representa uma alta de 10% na comparação com 2015.
Em relação ao primeiro semestre de 2013, esse percentual sobe para 37% (há quatro anos, houve 32 panes nas quatro linhas com dados de ocorrências disponíveis). Em cinco anos, o total de panes quase dobrou, houve um aumento de 25 para 44 casos no período (veja o número de falhas por linha no infográfico abaixo).
Crise tirou 86 mil usuários do metrô por dia em SP
Reportagem do “Estadão” mostrou que a disparada do desemprego, que se prolonga desde o fim de 2014 em São Paulo (e também no restante do país), tirou 86 mil passageiros por dia do metrô paulistano neste ano. Essa análise tem como foco o período de janeiro a maio de 2016 e abrange dados das seis linhas do sistema metroviário.
De acordo com essas informações, a média de passageiros transportados por dia caiu 4,46 milhões para 4,37 milhões do ano passado para cá. O atual número é o mesmo registrado em 2013, segundo a reportagem.
Em entrevista ao Estadão, o diretor de operações do metrô, Mário Fioratti, afirmou que, pela primeira vez na história, o metrô registrou a queda do número de passageiros transportados pelas linhas 2-verde e 5-lilás.
Menos passageiros significa menos receita para a empresa. A estimativa é que haja uma queda de 60 milhões na receita do metrô neste ano, ainda conforme a reportagem.
Por que isso é importante?
A Lei nº 12.587/2012, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, define, no seu art. 5º, inciso IV, como um dos princípios do transporte público “a eficiência, a eficácia e a efetividade” de quem presta esse serviço.
Essa mesma lei diz, no seu art. 14, inciso I, que é direito do usuário do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “receber o serviço adequado”.
Segundo essa lei, o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana “é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município”.
Número de falhas se mantém nos padrões internacionais de qualidade e segurança, afirma metrô
Procurado, o Metrô de São Paulo disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que a quantidade de panes em suas linhas se mantém nos padrões internacionais de qualidade e segurança.
Leia, abaixo, a íntegra da nota:
“Todos os sistemas de metrô do mundo estão sujeitos a falhas e elas são proporcionais ao número de viagens realizadas, à quilometragem percorrida e à quantidade de passageiros transportados. Diariamente, o Metrô de São Paulo transporta cerca de 4 milhões de passageiros, realizando mais de 3.500 viagens, com 60 mil quilômetros percorridos, em média. Somente no primeiro semestre de 2016, os trens do Metrô percorreram 173,5 mil quilômetros a mais do que no mesmo período de 2015.
Ressaltamos que a quantidade de incidentes notáveis se mantém nos padrões internacionais de qualidade e segurança, mostrando que o Metrô de São Paulo é um sistema de transporte regular, confiável e seguro, considerado internacionalmente como um dos dez melhores do mundo.”
Fonte: Fiquem Sabendo