A rede brasileira de transporte de passageiros sobre trilhos cresceu apenas 1% em 2015, com uma ampliação de parcos 10,4 quilômentros. Segundo balanço do setor divulgado pela a ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), o número é três vezes menor do que o avanço registrado em 2014, quando foram inaugurados 30 km de novas linhas.
Em 2015, foi concluída a Linha 1 do Metrô de Salvador, com 4 km, e o primeiro trecho do VLT da Baixada Santista, com 6,4 km. As duas linhas estão em operação comercial desde janeiro de 2016. Com essas obras, a rede de metrô, trens, VLTs e monotrilho atingiu 1.012 km em trilhos urbanos. Para efeito de comparação, apenas a rede de metrô da cidade de Londres conta com mais de 400 km de extensão.
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O ritmo de expansão da rede sobre trilhos no Brasil segue lento e abaixo até do crescimento da demanda. Os dados da ANPTrilhos mostram que o volume de passageiros transportados nos sistemas cresceu 1,7% em 2015, totalizando 2,92 bilhões usuários, contra 2,87 bilhões atendidos em 2014.
Obras previstas para 2016
Apesar da recessão e das dificuldades orçamentárias enfrentadas pelos Estados e União, o setor mantém a previsão de entrega da entrega de 50,2 km em novas linhas em 2016, que, se confirmada, será a maior expansão da rede dos últimos 20 anos, segundo a associação.
Para o ano estão previstas as inaugurações, no Rio de Janeiro, da Linha 4 do Metrô (16 km) e da primeira etapa do VLT (21 km), a extensão do VLT da Baixada Santista (4,7 km), em São Paulo, e a primeira fase da Linha 2 do Metrô de Salvador (8,5 km).
Segundo a superintendente da ANPTrilhos, Roberta Marchesi, as inaugurações previstas para o ano estão com as obras dentro do prazo. “O VLT já inaugurou o primeiro trecho com 18 km. A linha 4 do metrô do Rio começa a operação restrita já para a Olimpíada, em agosto. A extensão do VLT da Baixada Santista está garantida e as obras em Salvador também estão bastante adiantadas”, afirma.
Previsão de mais 277 km até 2020
A escassez de recursos e retração dos investimentos, no entanto, já afetaram o ritmo ou mesmo paralisaram algumas obras. No balanço do ano anterior, a ANPTrilhos projetava que a rede de trilhos chegaria a 1.338 km em 2020. Agora, a estimativa é que sejam concluídos nos próximos 4 anos um total de 277 km de novas linhas, elevando o tamanho da rede dos atuais 1.012 km para 1.289 km.
Em tempo de ajuste fiscal e crise orçamentária, o maior desafio é conseguir garantir a manutenção dos investimentos para os projetos já licitados e contratados. “Precisamos ter a garantia dos governos estaduais e federal que eles irão manter os cronogramas das obras”, diz a superintendente da associação da indústria metroferroviáriaas e concessionárias.
Crédito do BNDES cresce 49%
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) segue como o principal agente financeiro deste tipo de projeto de infraestrutura. Segundo o balanço, o banco estatal aumentou em 49% o volume de recursos para obras de metrô, trens, VLTs e monotrilhos. Em 2015, o BNDES liberou R$ 7,6 bilhões para projetos metroferroviários ante R$ 5,1 bilhões no ano anterior.
O montante desembolsado foi destinado aos projetos da Linha 4, VLT da zona central e portuária e SuperVia, no Rio de Janeiro; para as linhas 15-Prata, 5-Lilás, 2-Verde, 6-Laranja e para os trens da CPTM, em São Paulo; e para o Metrô de Salvador, na Bahia.
Déficit de trilhos no país
Apesar das indiscutíveis vantagens comparativas, o transporte de passageiros sobre trilhos está em operação em menos da metade dos estados do país. Segundo o balanço, o Brasil reúne atualmente 20 sistemas de transporte urbano de passageiros sobre trilhos, restritos a apenas 12 regiões metropolitanas situadas em 11 estados e no Distrito Federal.
“O Brasil possui 22 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes – regiões altamente adensadas que já demandariam algum tipo de sistema sob trilhos”, avalia Roberta Marchesi.
Além das obras de expansão, estão em andamento no país 11 projetos de novas linhas, mas todos em regiões que já contam com algum sistema de transporte sobre trilhos. Entre eles, 6 estão sendo concebidos no regime de parceria público-privada (PPP).
“A expansão da rede tem sido muito pequena. Nos últimos 5 anos, o setor tem crescido por volta de 1%. Precisamos até 2020 contratar uma outra série de projetos para garantir o investimento e o crescimento dessa rede”, afirma Roberta Marchesi, lembrando que, após a contratação, as obras deste tipo de projeto costumam levar pelo menos 5 anos para serem entregues.
Como bom exemplo para o país, ela cita o caso do metrô de Salvador. “Tiraram do papel um projeto que estava há mais de 15 anos parado. Dentro de 1 ano conseguiram passar da assinatura para a operação, entregando 4 quilômetros em 2015. Para 2016, está prevista a primeira fase da linha 2 com mais 8,5 km e a previsão para 2017 é que o metrô de Salvador será o terceiro maior sistema metroviário do Brasil com 41 km, perdendo só para São Paulo e Rio”, comenta.
Confira a seguir a lista de projetos contratados e com potencial para contratação e início das obras até 2020 em 15 estados e no DF:
PROJETOS CONTRATADOS E EM EXECUÇÃO
METRÔ
Bahia: Metrô de Salvador – Linha 2 – Implantação
Ceará: Metrô de Fortaleza – Linha Leste – Implantação
Pernambuco: CBTU Recife – Linhas Sul e Centro – Modernização e Ampliação
Rio de Janeiro: Metrô do Rio de Janeiro – Linha 4 – Implantação
São Paulo: Metrô de São Paulo – Linha 2-Verde – Extensão
São Paulo: Metrô de São Paulo – Linha 4-Amarela – Extensão
São Paulo: Metrô de São Paulo – Linha 5-Lilás – Extensão
São Paulo: Metrô de São Paulo – Linha 6-Laranja – Implantação
TREM URBANO
São Paulo: CPTM – Linha 9-Esmeralda – Extensão
São Paulo: CPTM – Linha 13-Jade – Implantação
VLT
Ceará: VLT de Fortaleza (Parangaba-Mucuripe) – Implantação
Goiás: VLT de Goiânia – Implantação
Mato Grosso: VLT de Cuiabá – Implantação
Rio de Janeiro: VLT da área central e portuária do Rio de Janeiro – Implantação
São Paulo: VLT da Baixada Santista – Extensão
MONOTRILHO
São Paulo: Monotrilho da Linha 15-Prata – Extensão
São Paulo: Monotrilho da Linha 17-Ouro – Implantação
São Paulo: Monotrilho da Linha 18-Bronze – Implantação
PROJETOS COM POTENCIAL PARA CONTRATAÇÃO OU INÍCIO ATÉ 2020
METRÔ
Distrito Federal: Metrô de Brasília – Linhas Ceilândia, Samambaia e Asa Norte – Expansão
Minas Gerais: CBTU Belo Horizonte – Linha 2 – Implantação
Minas Gerais: CBTU Belo Horizonte – Linha 3 – Implantação
Paraná: Metrô de Curitiba – Linha 1 – Implantação
Rio de Janeiro: Metrô do Rio de Janeiro – Linha 3 São Gonçalo/Niterói – Implantação
Rio de Janeiro: Metrô do Rio de Janeiro – Linha 2 – Expansão
Rio Grande do Sul: Metrô de Porto Alegre – Linha 1 – Implantação
TREM URBANO
Minas Gerais: Novo Eldorado/Belvederi – Implantação
Piauí: Metrô de Teresina – Modernização
AEROMÓVEL
Rio Grande do Sul: Aeromóvel de Canoas – Implantação
VLT
Alagoas: CBTU Maceió – Modernização e Expansão
Alagoas: VLT Maceió – Aeroporto/Maceió – Implantação
Bahia: VLT de Salvador – Remodelação
Distrito Federal: VLT do Eixo Monumental de Brasília – Implantação
Distrito Federal: VLT da W3 de Brasília – Implantação
Paraíba: CBTU João Pessoa – Modernização
Pernambuco: CBTU Recife – Modernização
Rio de Janeiro: VLT da Zona Sul do Rio de Janeiro – Implantação
Rio Grande do Norte: CBTU Natal – Modernização
MONOTRILHO
Amazonas: Monotrilho de Manaus – Implantação
TRENS REGIONAIS
Distrito Federal e Goiás: Trem Brasília/Goiânia – Implantação
Distrito Federal e Goiás: Trem Brasília/Luziânia – Implantação
Paraná: Trem Londrina/Maringá – Implantação
São Paulo: Trens Intercidades – Implantação
Informações: G1 São Paulo