Um túnel que desabou há um ano e três meses nas obras do Trecho Norte do Rodoanel, em Guarulhos, causou prejuízo de R$ 39 milhões e é um dos motivos do atraso na conclusão da última alça do anel viário da Grande São Paulo, que deveria ser entregue no mês passado, mas foi adiada para março de 2018.
Agora, a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), empresa controlada pelo governo do Estado, decidiu demolir o túnel vizinho, parcialmente construído, para destravar essa frente da obra e retomar a construção. O custo dessa operação, que ainda não tem prazo para começar, está estimado em R$ 45 milhões pela estatal.
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A Dersa afirma que esses custos serão arcados pelo consórcio responsável pela construção desse trecho no lote 5 (Construcap/Copasa), que ainda negocia a indenização com a sua seguradora. “Elas (empreiteiras) vão me devolver a obra na condição que estaria se o túnel não tivesse entrado em colapso”, afirmou o diretor de engenharia da Dersa, Pedro da Silva.
As obras do Rodoanel Norte são alvo de investigação da Polícia Federal por suposto superfaturamento nos serviços de terraplenagem para beneficiar empreiteiras. A Dersa nega.
Queda
O túnel, que fica no bairro Taboão, próximo do Aeroporto de Cumbica, tinha 143 metros escavados quando desabou, no fim da tarde de 6 de dezembro de 2014. Não houve vítimas. A causa da queda ainda é investigada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), contratado pela Dersa no ano passado por R$ 3,6 milhões.
Segundo a Dersa, a solução encontrada foi remover totalmente os escombros da estrutura que caiu e destruir os 100 metros do túnel que ficou condenado por causa do acidente para fazer pistas a céu aberto no trecho atingido e iniciar uma nova passagem subterrânea 150 metros à frente. “Nós tínhamos várias alternativas. Essa foi a que se mostrou mais viável do ponto de vista técnico e econômico”, explicou Silva.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas afirma que terá de aguardar o término da escavação do túnel soterrado para colher material necessário para conseguir emitir um laudo final sobre a causa do desabamento. “Essa etapa do testemunho é essencial para ficar clara quais são as causas do acidente. Sem isso a gente não consegue fechar”, disse o pesquisador José Maria de Camargo Barros.
Estrutura
Os dois túneis, um para cada sentido da via, teriam 1.010 metros de extensão e custariam R$ 198 milhões. A estimativa é de que o novo serviço demore quatro meses para ser executado após a desapropriação de uma nova área que terá de ser utilizada para a obra. De acordo com Silva, isso não tem data para começar.
Segundo operários que estavam no local no dia do acidente, a estrutura apresentou uma trinca por volta das 6 horas da manhã e, mesmo com um reparo de concreto, ruiu por volta das 18 horas, cerca de 50 minutos após os funcionários abandonarem o local.
A estrutura condenada fica no lote 5 da obra e é um dos sete túneis duplos previstos ao longo dos 47,6 km do Rodoanel Norte. Ela fica cerca de 20 km distante do túnel visitado por Alckmin no dia 17 de fevereiro, no lote 2, no Jardim Peri, zona norte da capital. Na ocasião, o governador disse que já havia executado 53,4% de toda obra, que vai interligar o Trecho Oeste, a partir da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, em Pirituba, zona oeste da capital, e o Trecho Leste, na Rodovia Presidente Dutra.
Desapropriações
Além do acidente, outro entrave que tem atrasado a execução do Trecho Norte são as desapropriações necessárias para a construção do viário. Embora os contratos previssem a conclusão da obra em fevereiro, nenhum dos 6 lotes tem 100% das áreas necessárias liberadas.
Segundo Silva, o lote 6, em Guarulhos, é o mais atrasado – ainda falta desapropriar 40% dos terenos. As contratações foram prorrogadas até maio, quando a Dersa deve reajustar o valor dos contratos após pedido de reequilíbrio econômico-financeiro feito pelos consórcios nos seis lotes.
* As informações são do jornal O Estado de São Paulo