Motoristas de ônibus que não atendem aos pedidos de embarque e desembarque foram os principais alvos de reclamações de passageiros do transporte público municipal paulistano em 2015.
De acordo com números da SPTrans (empresa municipal que administra o transporte público), 24% das queixas encaminhadas por usuários se referiram a esse problema.
Essa foi a primeira vez na gestão Fernando Haddad em que o intervalo excessivo entre ônibus de uma mesma linha não esteve na liderança do ranking de reclamações.
Em 2014, por exemplo, a demora para ser atendido foi criticada por 24% dos usuários que registraram queixas pelo telefone 156 ou pelo site da SPTrans. Neste ano, ficou em segundo lugar, com 17% do total de reclamações.
Na comparação com 2014, houve redução significativa no número de queixas: foram 48.393 críticas em 2015 ante 67.485 no ano anterior, uma queda de 28%.
Para a empresa que administra o transporte na cidade, esses números são “fruto de um conjunto de ações que a atual gestão têm implantado com o objetivo de melhorar o sistema municipal”.
Dentre essas ações, a gestão Haddad destaca a criação de 391 km de faixas exclusivas de ônibus desde 2013 e a inclusão de 3.874 novos coletivos no sistema.
Outra medida que colabora, na avaliação da SPTrans, para a queda nas reclamações sobre intervalo excessivo entre ônibus é a implantação da rede Noturno, pois “antes o passageiro precisava ficar esperando o transporte público começar a funcionar pela manhã”. Agora, são 151 linhas que funcionam durante a madrugada.
Francisco Christovam, presidente do SPUrbanuss (sindicato das empresas de ônibus), destaca que o índice de reclamações equivale a um passageiro insatisfeito a cada 59 mil transportados.
“É como se, em um estádio do Morumbi lotado, só uma pessoa levantasse a mão para reclamar de algo”, diz o presidente do sindicato.
Dentre as empresas que prestam os serviços na capital paulista, as que tiveram o menor índice de reclamações por passageiro transportado foram a Gatusa, entre as concessionárias (que operam linhas grandes), e a Transwolff, entre as permissionárias (que atuam em linhas menores).
Excetuando-se o intervalo excessivo entre ônibus, que ocupa o segundo lugar da lista, os demais pontos com maior número de queixas guardam relação com o comportamento do motorista.
A conduta inadequada do operador (que inclui motoristas falando ao celular, por exemplo) é a terceira maior causa de reclamações à SPTrans, com 14% do total.
Logo em seguida, com 11%, está a condução do veículo com direção perigosa. Repete-se, assim, um padrão bastante similar ao dos anos anteriores, embora o número geral de reclamações venha caindo desde 2013.
Sobre o item que lidera o ranking de reclamações, a falta de atendimento a pedidos de embarque e desembarque, o presidente do sindicato faz uma ponderação.
“Não estou eximindo a responsabilidade do motorista, mas muitas vezes ele está apenas cumprindo a lei. Ele não pode abrir a porta em semáforos ou quando o coletivo está parado em congestionamento, mas muita gente fica insatisfeita e reclama do mesmo jeito.”
Assim, para Christovam, a maior urbanidade e respeito que se exige dos motoristas depende, em alguma medida, também de maior civilidade dos usuários. “Há muito para melhorar, mas é preciso dizer que muito está sendo feito”, avalia.
* As informações são do jornal Folha de São Paulo