A maioria esmagadora dos motoristas sabe que usar o celular ao volante representa um grande perigo, mas 93% deles costumam manipular o aparelho enquanto estão dirigindo.
É o que revela uma pesquisa feita pelo Hospital Samaritano de São Paulo com 4,1 mil pessoas. Segundo o levantamento, dos 80% que usam celular ao volante, 63% só deixariam de fazê-lo se algum amigo ou familiar sofresse um acidente por causa do ato.
Dos entrevistados, 7% sofreram a consequência da distração na pele e contaram que se envolveram em acidentes por estarem mexendo no celular. Outros 14% admitiram que escaparam por pouco de uma colisão por conta do hábito.
O médico Diogo Garcia, coordenador do Centro de Trauma do Hospital Samaritano, explica que a intenção inicial da pesquisa era análisar a realidade do condutor no Estado de São Paulo. “Mas, após dados apurados e a constatação do comportamento, nosso objetivo é gerarmos uma campanha para redução no número de pessoas que usam aparelhos móveis ao volante e que, aumentam o volume de acidentes de trânsito”, afirma.
Educação formal não significa mais cuidado
Não é por falta de informação que os entrevistados ignoram os riscos: 47% deles têm ensino superior, completo ou incompleto, e outros 46% possuem pós-graduação.
Apesar disso, a maioria (67%) acredita que a mudança de comportamento se daria com ação conjunta entre campanhas educativas e punições mais rigorosas.
Atualmente, usar o celular ao volante – uma infração considerada média – acarreta a perda de 4 pontos na carteira de habilitação e uma multa R$ 85,13.
Celular “rouba” atividade cerebral da direção
Um estudo da Universidade da Virgínia explica porque o hábito de falar ao telefone na direção pode ser fatal. Segundo a pesquisa, cerca de 37% da atividade cerebral ligada à direção fica perdida quando você realiza outra ação, principalmente se é algo relacionado ao celular.
Outro problema é o tempo que o carro percorre sem que a pessoa se dê conta: ao olhar o celular para ver uma chamada que está entrando, por exemplo, perde-se cerca de dois segundos. A 60 km/h, isso significa 34 metros sem ver o que está acontecendo na rua.
Segundo Diogo Garcia, não existem dados oficiais no Brasil sobre acidentes causados pelo uso de celular, mas ele destaca que, segundo a percepção dos médicos, os números no país estão próximos aos registrados nos Estados Unidos, onde 25% dos acidentes são causados pela atitude.
* As informações são do Rodolfo Bartolini/Band