Governo e especialistas preveem São Paulo com trem e metrô integrados

Tanto nos planos oficiais quanto para especialistas em trânsito e ambiente, há um consenso: o espaço para os carros precisa ser reduzido.

“Não cabem mais carros em São Paulo. Nos dias de pior congestionamento, há 1 milhão de veículos na rua”, diz Marcos Kiyoto, mestre em planejamento urbano.

Uma das previsões é que São Paulo terá, além do Rodoanel, outros dois círculos em torno da cidade, mas para o transporte sobre trilhos.

O metrô planeja criar uma espécie de anel ao redor do centro expandido, ao somar a extensão da linha 2-verde (Vila Prudente-Dutra) às futuras linhas 23-magenta (Dutra-Lapa) e 20 (Lapa-Moema).

No papel, essa seria a realidade de 2030. Pelo ritmo atual, no entanto, o anel metroviário deve ficar para bem depois disso. Hoje, há outras três linhas do metrô em construção (6-laranja, 15-prata e 17-ouro), três em ampliação (2-verde, 4-amarela e 5-lilás) e atrasos acumulados. O mais recente deve-se à suspensão do contrato de construção do ramal 17-ouro, de monotrilho.

O outro arco, previsto pela CPTM, é mais amplo e ligará Alphaville a Guarulhos, passando pelo ABC.

“As linhas circulares colaboram para reduzir o movimento na região central”, destaca o plano Atualização de Rede Metropolitana, de 2013, que serve como referência para a expansão dos trilhos na Grande São Paulo.

GARAGEM

Para tentar facilitar a opção da população pelo transporte público, a construção de garagens próximas a terminais e estações é incentivada pelo Plano Diretor.

Nas áreas centrais, porém, o plano propõe o oposto: estipula que os novos prédios tenham menos pontos de estacionamento e que o espaço das vagas na rua seja transformado em ciclovias ou usado para ampliar calçadas.

Formas de restrição mais contundentes, como pedágio urbano e ampliação do rodízio, não são citadas. “O projeto é investir pesado em ciclovia e transporte público. O uso do carro vai sendo desestimulado pelo custo de ficar no congestionamento, cuja tendência é piorar”, avalia Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes.

Para os ônibus, a proposta é continuar a cortar linhas diretas entre bairro e centro. Nesse modelo, veículos menores levam passageiros até pontos de transferência, de onde seguem viagem em ônibus maiores por corredores.

Mais uma vez, o futuro deve chegar com certo atraso: a licitação que fará um rearranjo no sistema de ônibus foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Município e está sendo reelaborada.

Para José Bento Ferreira, professor de engenharia civil da Unesp, contratos e projetos de má qualidade são os principais motivos da demora na expansão da rede de transporte público.

“Parte-se de premissas otimistas e mal detalhadas. Durante a obra, surgem imprevistos que geram atrasos e conflitos entre Estado e construtoras sobre quem arcará com os custos extras”, diz.

Por meio de políticas de uso do solo, os governos estadual e municipal planejam aproximar trabalho e moradia, o que diminuiria a necessidade de transporte.

Uma das metas do plano SP 2040, lançado na gestão Gilberto Kassab (2006-2012), é que o tempo médio de deslocamento na cidade seja de 30 minutos. Em 2007, quando foi feita a última pesquisa Origem e Destino, as viagens de ônibus duravam em média 68 minutos e as de carro, 37.

* As informações são do jornal Folha de São Paulo

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