Nem a forte chuva, que caia por volta do meio-dia de hoje impediu que um grupo de aproximadamente 80 moradores da Área Continental de São Vicente bloqueasse a rodovia Padre Manoel da Nóbrega, sentido São Paulo, no trecho próximo ao bairro Jardim Rio Branco. O protesto, que durou aproximadamente uma hora e meia, foi contra o Governo do Estado e as obras da Penitenciária Feminina, a quinta unidade do gênero a ser construída naquela região. A manifestação formou um congestionamento de quase 10 quilômetros. A Polícia Militar acompanhou a ação e negociou a reabertura da estrada.
“A nossa decisão de fechar a pista é devido à morosidade e ao desrespeito do governador conosco. Nós já temos documento protocolado desde o ano passado na Promotoria Pública. As obras continuam a todo vapor. Todas as outras obras da Região o governador parou. A Ponte Pênsil já adiou cinco vezes a inauguração. Os elevados da Imigrantes também. O VLT toda hora para e continua. A única obra que está a todo vapor é o presídio. Isso é um desrespeito a nós”, disse Francisco de Sousa Pereira, o Bodinho, diretor do Comitê Interbairro do Distrito da Área Continental (Cidac) e um dos líderes da manifestação.
Para impedir a passagem dos veículos, dois caminhões de areia foram jogados na pista. O protesto ocorreu em frente às obras da penitenciária. Munidos de faixas e cartazes, os manifestantes também fecharam a marginal da rodovia e, para fugir do bloqueio, muitos motoristas utilizaram um pequeno acesso de terra, localizado ao lado da marginal. A passagem de carros com crianças especiais e de pessoas com problemas de saúde foram liberadas pelo grupo durante a ação.
Em um carro de som, os manifestantes chamavam a atenção dos turistas parados no trânsito sobre as condições da Área Continental de São Vicente, em especial da falta de infraestrutura. O grupo também distribuiu panfletos aos motoristas explicando os motivos da manifestação.
“O protesto de hoje é para a paralisação imediata das obras. O pedido para nós sermos recebidos pelo governador já foi feito várias vezes e ele nunca deu crédito. Que fique bem claro: nós não queremos presídio. Nós queremos escola técnica, universidade e hospital. Isso é que nós queremos. Que o VLT venha até a Vila Ema. Presídio não. Não queremos presídio”, destacou Pereira.
Cerca de 40 homens da Polícia Militar acompanharam a manifestação. Policiais da tropa de choque chegaram a ficar posicionados. O helicóptero Águia foi acionado para evitar ações de marginais ao longo do congestionamento, que se estendeu até Praia Grande. Os agentes negociaram a reabertura da pista, que foi reaberta por volta das 13h30, após equipes da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta Imigrantes, remover a terra despejada na rodovia.
“Estamos dando um prazo final para o governador para que ele não construa o presídio. Nós queremos mesmo é o hospital. Ele (o governador) falou que o hospital não é prioridade, mas para nós é prioridade. Falou que prioridade para ele é presídio porque é questão de segurança nacional. E a questão da saúde, a questão do meio ambiente, questão do cidadão, que nós precisamos ele não está nos atendendo?”, questionou Luiz José da Silva, morador do Jardim Rio Branco.
O jovem Michael José dos Santos, de 19 anos, morador do Quarentenário, se juntou ao grupo de manifestantes. Desempregado, ele viu no ato a chance de protestar contra as condições da região onde mora. “Eu vim protestar porque estão fazendo mais presídio sendo que tem que investir na área da educação e da saúde. Falta tudo na Área Continental. Falta a população se unir mais e debater mesmo, ir para a rua. Ao invés de construir escola querem construir presídios”.
Durante o protesto a Ecovias registrou quase 10 quilômetros de congestionamento na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, no trecho entre São Vicente e Praia Grande. O trânsito já estava intenso devido ao retorno dos turistas do feriado da Independência. Desde as 0h da última sexta-feira, quando se iniciou a contagem da concessionária, mais de 246 mil veículos desceram a serra em direção à Baixada Santista.
Fonte: Diário do Litoral