Moradores decidem quais ruas serão abertas para ciclistas e pedestres em seus bairros

Já ouviram falar que TODAS as mudanças na cidade de São Paulo são feitas sem planejamento? Bom, nem vou entrar no mérito dessa frase repetida a exaustão, já quero deixar aqui registrado que no caso das ruas abertas (não, não só a Paulista será aberta para lazer, a proposta é que o mesmo aconteça em toda a cidade), tem sim acontecido diálogos organizados tanto pela sociedade civil (preciso urgente contar para você sobre um debate que fui do Rotary Club), mas também organizado em acordo com o Ministério Público, pela gestão municipal.

No último final de semana, mais de 320 moradores de cinco subprefeituras da cidade de São Paulo puderam opinar, apresentar sugestões e fazer críticas, por meio de audiências públicas, sobre a implementação do programa Rua Aberta em vias de seus bairros. Em quatro delas, Lapa, Campo Limpo, Cidade Ademar e Aricanduva, além de aprovarem a abertura para ciclistas e pedestres aos domingos e feriados, das 10 às 17 horas, os cidadãos também decidiram quais vias serão alvos do programa, que pretende ampliar os espaços de lazer e promover ocupação do espaço público. As avenidas Sumaré, na zona oeste, e Carlos Caldeira Filho, na zona sul, estão entre as escolhidas.

Participe dos canais do Mobilidade Sampa: X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, Threads, Bluesky, YouTube, LinkedIn ou canais no WhatsApp e Telegram

Na subprefeitura da Sé, mais de 200 pessoas se reuniram neste sábado (19), das 9h às 17h, para debater a adoção da medida na Paulista, no trecho entre a praça Osvaldo Cruz e a rua da Consolação. Entre as mais de 20 pessoas que fizeram intervenções no debate, apenas cinco foram contrários a ideia. A medida ainda será debatida, as sugestões sistematizadas e analisadas por técnicos do município. No encontro, além das ações que estão sendo planejadas, foram apresentadas as medidas que servirão para mitigar possíveis efeitos no trânsito da região, com rotas alternativas ou ainda, no acesso de moradores e também, de pacientes de hospitais ou hóspedes de hotéis, que terão acesso garantido.

“As audiências servem, sobretudo, para fazer mudanças e retificações. Aqui, por exemplo, tivemos muitas sugestões e é preciso tentar resolver essas questões colocadas. Isso não serve só para ouvir as pessoas e depois, não fazer nada. É ouvir as pessoas e realmente buscar soluções para as questões levantadas”, afirmou o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Luiz Antônio de  Medeiros.

“Além de ser um espaço importante para que as pessoas interajam entre elas, também é um lugar de lazer. Nossa cidade é carente deste tipo de espaço e o impacto seria positivo, não só nos comércios de alimentos e bebidas, mas entre os hotéis, que estão mais vagos no fim de semana e podem diversificar sua clientela com turismo, além do visitante de negócios”, disse o integrante do Centro de Empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Ciclocidade, Renê Fernandes.

“Precisamos estar preparados para os problemas que o fechamento vai trazer. É preciso preparo para mediar mais um conflito na cidade. Além disso, o fechamento vai demandar equipe, estrutura, mais GCM, mais CET e banheiros. Isso gera custo para um orçamento que é tão comprometido”, afirmou o representante do Conseg Liberdade, Rafael Vitorino.


Aricanduva
Também no sábado (19), mais de 60 pessoas foram até a Subprefeitura de Aricanduva, na zona leste, para debater a abertura de uma via para ciclistas e pedestres e além da aprovação ao programa Rua Aberta, a via escolhida por unanimidade foi a Benedito Galvão, no trecho entre a Taubaté e a Apetiribu.

A sugestão foi apontada por um técnico de Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que alegou que afeta menos o trânsito, pois a via é larga, tem 10 metros de largura, facilitando a ocupação das pessoas. A rua Abel Ferreira, indicada pela Subprefeitura, foi rechaçada porque apenas um pequeno trecho pertence à Sub Aricanduva, a maior parte dela pertence à Subprefeitura Mooca.

Agora, a Prefeitura deverá marcar uma reunião com o moradores da rua escolhida para ajustar soluções e medidas para diminuir o impacto na via.

Campo Limpo
No sábado (19), 23 pessoas foram até a Subprefeitura do Campo Limpo para participar da audiência pública do Rua Aberta. Em consenso, os moradores optaram pela avenida Carlos Caldeira Filho, no trecho entre o Metrô Campo Limpo e Metrô Capão Redondo. O trecho tem uma extensão de 1,5 km e a pista da avenida possui uma largura de 13 metros.

Além de atender na maior parte das necessidades exigidas pelo projeto, a implantação na via não vai causar impacto no trânsito local. O trecho escolhido é favorecido por ser totalmente isento de residências, comércios e não existir itinerários de ônibus. A ausência do itinerário de ônibus não vai causar dificuldades para locomoção da população, pois a via é servida pelo Metrô e tem acesso fácil ao corredor de ônibus da Estrada de Itapecerica.

Lapa
Na Subprefeitura da Lapa, mais de 20 pessoas compareceram neste domingo (20) para discutir em audiência pública, a abertura de ruas e avenidas para pedestres e ciclistas da região. A rua escolhida pela comunidade foi a avenida Sumaré. Cinco pessoas fizeram o uso da palavra e a maioria, concordou com a realização do projeto na via, pedindo apenas a revisão do trecho de interdição da mesma, que será novamente discutido.

A escolha se deu porque a via apresenta diversos comércios atrativos a pedestres e ciclistas, é de fácil acesso e possui transporte público próximo. A avenida não traria problemas no trânsito, pois oferece uma série de desvios para a população.

Outras duas vias foram sugeridas, mas não foram aceitas: Rua Estevão Barbosa Alves, na Vila Jaguara e Rua Froben na Vila Leopoldina. Moradores dessas regiões sugeriram que, além da Sumaré, o programa seja implantado simultaneamente na Avenida Gastão Vidigal ou mesmo na rua Froben, para fortalecer os locais, que ficam mais distantes da escolhida. A sugestão será encaminhada e também debatida.

Cidade Ademar
Também neste domingo (20), 30 pessoas foram até a Subprefeitura de Cidade Ademar, na zona sul, e optaram pela rua do Mar Paulista, que fica próxima a represa Billings, já é frequentada para prática de caminhada e tem mais opções de vias alternativas para absorver possíveis impactos. Outras quatro ruas foram descartadas, pois não se enquadram no projeto.

“Não temos nenhum parque para a população na Cidade Ademar, por isso, temos de ir para o Nabuco ou Cordeiro. Sou um privilegiado. Tenho carro e posso ir, mas as pessoas andam de ônibus e enquanto não conseguimos nosso parque, esse espaço será muito valioso e vai dar ao bairro, algo que ele não tem”, afirmou Paulo Roberto Silva Santos, que mora há 33 anos no bairro.

“O grande diferencial de uma rua aberta para um rua de lazer é que serão fomentadas atividades culturais e econômicas. O bairro receberá shows, as crianças terão brinquedos e os pequenos comerciantes poderão crescer. Mais do que isso será um local de convívio e troca de experiências, afirmou o subprefeito Francisco Lo Prete.

Outras subprefeituras
Neste fim de semana, a Prefeitura de São Paulo iniciou uma série de 32 audiências públicas para discutir e debater com os cidadãos as ações do programa “Rua Aberta”. A iniciativa tem o objetivo de abrir para pedestres e ciclistas ruas e avenidas de grande relevância no perímetro de 1 a 3 quilômetros, aos domingos e feriados, das 10h às 17h. Com o impedimento do trânsito de veículos motorizados, a intenção é que as vias recebam atividades artísticas, esportivas, gastronômicas e culturais gratuitas.

Veja o calendário de audiências públicas

Deixe um comentário