Cicloativistas apontam problemas na sinalização da ciclovia da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo), onde a modelo e ciclista Mariana Livinalli Rodriguez, 25, foi atropelada na última terça-feira (1º).
A jovem, que morreu nesta quinta (3), circulava de bicicleta quando foi atingida por um ônibus que fazia a conversão na esquina da avenida Brigadeiro Faria Lima com a rua Chopin Tavares de Lima, em Pinheiros.
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Mariana sofreu traumatismo craniano e estava na UTI do Hospital das Clínicas.
Segundo a Secretaria da Segurança, a modelo seguia pela ciclovia e colidiu com o para-choque esquerdo do ônibus, caindo e batendo a cabeça.
Os peritos informaram aos policiais que é possível que a modelo não tenha observado o semáforo para bicicletas. O motorista do ônibus disse à polícia que o semáforo estava aberto para ele.
Para o diretor da Ciclocidade, Daniel Guth, a sinalização naquele cruzamento específico pode gerar confusão.
“Naquele ponto, o sinal para os carros está verde, então eles continuam seguindo reto, e para o ciclista está vermelho porque abriu pros demais veículos fazerem conversão”, diz.
“Se o ciclista está acompanhando o movimento dos carros, pode acontecer de achar que está verde para ele.”
Guth afirma que poderia ser criada uma solução como uma lombada, para que os ônibus fizessem a conversão em menor velocidade. “Tem uma série de medidas que poderiam ser feitas que fariam com que aquele cruzamento fosse mais sinalizado.”
André Pasqualini, da ONG CicloBR, afirma que o semáforo para ciclista deveria ficar antes do cruzamento, não depois. “Tem essa falha de sinalização”, diz ele, que também critica o excesso de conversões na via.
Para Pasqualini, no entanto, seria fundamental capacitar melhor os motoristas de ônibus. “Por mais que a ciclista estivesse errada, um motorista experiente teria totais condições de evitar esse tipo de acidente”, disse.
Questionada sobre possíveis mudanças no cruzamento, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não respondeu. Afirmou lamentar o acidente e aguardar a investigação para esclarecer as circunstâncias.
Para especialistas de trânsito, a ampliação das ciclovias resultará naturalmente em mais acidentes. “Há uma exposição ao risco maior, mesmo que as ciclovias sejam sinalizadas e preparadas”, disse Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP.
Luiz Célio Bottura, ex-ombudsman da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), diz que acidentes e mortes tendem a crescer, até pela fragilidade das bicicletas. “Ciclista não tem para-choque. O para-choque é ele mesmo.”
Nesta quinta (3), o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que construir ciclovias eleva a segurança dos ciclistas.
LUTO
A agência de modelos Joy Model Management, para a qual Mariana trabalhava, lamentou a morte em sua página na internet e nas redes sociais. A agência destacou que a modelo, natural de Soledade (a 225 km de Porto Alegre), era uma profissional “gentil, amável, promissora.”
Fonte: Folha de São Paulo