Usuários do Bilhete Único têm dificuldades para recarregar em estações do metrô

Com fim do contrato da empresa que prestava serviço, pelo menos 42 estações já estão ou ficarão sem cabines com funcionários que fazem a recarga; sistema automático apresenta problemas

Os usuários do Bilhete Único encontram dificuldades há pelo menos um mês para recarregar os cartões em diversas estações do Metrô, depois que o contrato com a empresa Rede Ponto Certo, que garantia cabines com funcionários fazendo recargas, expirou e não foi renovado. Nas 24 estações onde não há mais as cabines – outras 18 devem ficar sem o serviço até o próximo dia 12 – as recargas dependem de máquinas em que o próprio usuário recarrega o bilhete (confira lista no final). E isso não tem sido tarefa fácil.

Na manhã dessa segunda-feira, 24, a estação Santana, na Zona Norte de São Paulo, tinha quatro máquinas para recarga, das quais duas estavam quebradas. As outras duas, com uma fila considerável, não aceitavam dinheiro, apenas cartão de débito. Muitas pessoas desistiam da recarga e compravam um bilhete avulso do metrô, que custa R$ 3,50. Caso dos técnicos de enfermagem Sueli Oliveira, de 46 anos, e Jairo de Castro, de 36.

“Eu venho da (estação) Parada Inglesa, e lá já não tem a cabine”, diz Sueli. No caso de Jairo, o vale-transporte pago pelo hospital em que trabalham acabou e ele precisava fazer uma recarga em dinheiro. “Não consegui carregar, porque a máquina só aceita cartão”, conta. “O jeito vai ser comprar um bilhete do metrô mesmo. Agora, se eu tivesse que pegar três conduções, tudo ia ter de sair do meu bolso.” Em 10 minutos, mais de 15 pessoas desistiram. A manutenção das máquinas de autoatendimento é da Perto, empresa também credenciada pela SPTrans.

Se Jairo e Sueli não estivessem em cima da hora para o trabalho, o jeito seria sair da estação e caminhar até um dos cinco pontos indicados pelas folhas sulfites coladas em cima das máquinas e no lugar onde ficavam as cabines: um posto da SPTrans no terminal de ônibus, uma banca de jornal, uma lotérica, uma cabine de recarga ou uma loja de doces.

O proprietário do comércio, Alexandre Melara, de 37 anos, recebe diariamente mais de 700 pessoas que vêm recarregar os bilhetes. “Como aqui é 24 horas, o pessoal vem muito. E no domingo, lá da (estação) Armênia até aqui só nós ficamos abertos”, diz. Não há mínimo para recarga. Na banca de jornais, o valor é de R$ 3. Seguindo pela Linha Azul, as estações Carandiru e Portuguesa-Tietê, por exemplo, ficarão com cabines até dia 12 de setembro.

Na próxima estação, Armênia, o problema é outro. Retiraram as cabines de atendimento ao usuário, e a Perto instalou duas máquinas de autoatendimento. “Como o pessoal que projeta não usa metrô, colocaram depois das catracas”, explicou um funcionário. Ou seja, o usuário que estiver sem saldo e quiser recarregar na estação precisa comprar um bilhete do metrô.

Já na estação Ana Rosa, que liga as linhas Azul e Verde, a única máquina que funciona informa na tela os valores das cédulas que aceita, mas na hora de inserir a nota, a máquina não “engole”. “Está assim faz um tempo”, diz a professora da rede estadual de ensino Donata Mahmud, de 33 anos. “Quando tinha a cabine, pelo menos dava pra ir lá.” Antes, havia até um funcionário que ajudava a realizar a operação. “Se a pessoa é de mais idade, não consegue fazer a operação, não tem ninguém pra ajudar.” Há também folhas de sulfite com pontos de recarga próximos, mas todos eles só abrem depois das 9h. “Ou seja, se eu tiver que fazer a recarga 7h não consigo. É bem complicado”, desabafa Donata. A responsabilidade das máquinas é da Prodata, outra empresa credenciada pela SPTrans.

Na estação Paraíso, uma funcionária do Metrô disse que os usuários que fazem recargas em máquinas de autoatendimento “reclamam bastante” que a máquina aceita o dinheiro, mas não faz a recarga. Nesse local, a empresa que administra é a Rede Ponto Certo.

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Licitação

A Rede Ponto Certo não quis renovar o contrato com o Metrô em 24 estações. A empresa alegou que o reajuste contratual médio desde 2011, de 9,5%, “inviabilizava a continuidade do negócio.” Apesar disso, a empresa ainda opera em outras estações, “bem como com máquinas de autoatendimento para a realização de recargas”, além de um aplicativo para celulares Android.

O Metrô, por sua vez, abriu um processo de licitação para empresas que desejem instalar novas cabines de recarga em 42 estações. O primeiro edital com prazo para agosto foi suspenso, porque o proponente não preencheu todos os requisitos, segundo a companhia. Ela abriu uma nova licitação e vai receber no próximo dia 10 de setembro as propostas. “A expectativa é que estes 24 pontos de atendimento, além de outros 18, ainda com contratos vigentes, estejam funcionando sob nova direção em até 30 dias após a assinatura do contrato”, diz a nota.

Problemas técnicos

Em nota, a Perto disse que os equipamentos da estação Santana “apresentaram problemas técnicos que foram solucionados na segunda-feira, 24, mesmo pela manhã”, e os dois equipamentos indisponíveis para recarga com dinheiro passaram por processo de sangria – retirada do dinheiro das máquinas. A empresa afirmou também que estão “procedendo com sangrias diárias nas estações onde a houve interrupção da venda assistida”, para evitar interrupção do serviço. E sobre a instalação das máquinas da estação Armênia, a empresa disse que “a quantidade de equipamento bem como sua localização dentro das estações é definido pelo Metrô cabendo a concessionária promover apenas suas instalações”. Já o Metrô informou que por uma questão “estrutural da estação” as máquinas ficam na parte paga da estação, mas ressaltou que trabalha pela rapidez da licitação para que haja novamente cabines na parte de acesso livre.

Com relação aos problemas das máquinas de autoatendimento na estação Ana Rosa, a Prodata informou que o problema pode ter sido causado por alguma nota enroscada no aceitador de cédulas, que é feita verificação de rotina e o problema seria imediatamente verificado.

E, por fim, na estação Paraíso, a Rede Ponto Certo afirmou que os equipamentos “são de alta performance e realizam uma média de mais de 47 mil transações por mês”, e que “problemas pontuais” podem ocorrer quando cédulas amassadas ou rasgadas são inseridas, por exemplo. Ela ressaltou que os equipamentos recebem manutenção preventiva e monitoramento online e orientou os usuários a entrarem em contato com a central de atendimento, cujos telefones estão nos aparelhos.

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SERVIÇO METRÔ:

A venda automática de créditos do Bilhete Único e recarga de vale-transporte podem ser feitas nas máquinas de autoatendimento existentes em todas as estações do Metrô ou nos guichês que estão em funcionamento em 42 estações:

Linha 1- Azul: Jabaquara, Conceição, Vergueiro, São Joaquim, Liberdade, Sé, São Bento, Luz, Tiradentes, Portuguesa-Tietê e Carandiru.

Linha 2-Verde: Chácara Klabin, Trianon-Masp, Consolação, Clínicas, Santuário Nossa Senhora de Fátima-Sumaré, Vila Madalena.

Linha 3-Vermelha: Carrão, Tatuapé, Belém, Bresser-Mooca, Brás, Pedro II, Anhangabaú, República, Santa Cecília, Marechal Deodoro e Palmeiras-Barra Funda.

Linha 4-Amarela: Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Fradique Coutinho, Paulista, República e Luz.

Linha 5-Lilás: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro, Largo Treze e Adolfo Pinheiro.

Fonte: Estadão

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