Nova velocidade na Avenida Aricanduva provoca críticas de motoristas

Todos os dias há 20 anos, o vigilante Cleber Barbosa, 54, atravessa, de bicicleta, toda a avenida Aricanduva, zona leste da cidade de São Paulo, para ir ao trabalho. Nesta segunda-feira (3), ele começou o dia comemorando.

O vendedor Vitor de Carvalho, 50, por outro lado, saiu de casa nesta madrugada reclamando. Ele afirmou ter sido a primeira vez que viu trânsito lento às 5h da manhã na avenida que pega todos os dias de carro.

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  • As reações opostas se devem ao novo limite de velocidade da via, de 50 km/h, que passou a valer nesta segunda-feira. A justificativa dada para a redução é a maior segurança no trânsito, segundo a prefeitura.

    De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 46 pessoas morreram e 1.286 ficaram feridas na avenida Aricanduva entre janeiro de 2011 e dezembro de 2014. No período, foram 828 acidentes e 132 atropelamentos.

    Para o taxista Carlos Roberto Valeriano, 57, a redução não resolve o problema dos acidentes, porque, segundo ele, quem desrespeitava o limite anterior continuará andando acima da velocidade. “Alguns andam a 40 km/h, mas as motos andam a 200 km/h, o que adianta? Hoje estava a 50 km/h e vi gente a 80 km/h, não resolve”, diz.

    CENTRO

    Além da Aricanduva, os motoristas paulistanos não poderão ultrapassar os 50 km/h na avenida Jacu-Pêssego, também na zona leste, e em três vias do centro: a avenida São João (no trecho de 900 metros que vai das avenidas Duque de Caxias à Angélica), a rua Amaral Gurgel, que passa sob o Minhocão, e a avenida General Olímpio da Silveira.

    Nas vias do centro que tiveram redução de velocidade nesta segunda, duas pessoas morreram e 111 ficaram feridas nos 60 acidentes e 43 atropelamentos que aconteceram entre janeiro de 2013 e dezembro de 2014, segundo dados da prefeitura.

    As reduções no centro não são significativas, dizem os motoristas que passam pelo local. Segundo o empresário Sergio Falconi, 52, que trabalha na avenida São João, o novo limite de velocidade na região “não faz diferença porque não tem como andar a mais que 50 km/h.”

    A consultora de negócios Sirlene Rodrigues, 39, concorda. “Depende da via. Onde tem muito pedestre, faz sentido, sou a favor. Mas nas marginais não dá para andar nessa velocidade.”

    MARGINAIS

    Desde 20 de junho, as marginais Pinheiros e Tietê tiveram as velocidades máximas reduzidas de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas e 70 km/h para 50 km/h nas locais.

    “Via um acidente por semana aqui”, diz o frentista Francisco Gomes da Silva, 48, sobre a saída para a pista local da marginal Tietê no posto de gasolina onde trabalha. “Agora não há mais, nesse pedaço aqui pelo menos sossegou.”

    O mecânico Simão Gomes, que trabalha no mesmo lugar, discorda da redução. “Reduzir a velocidade não adianta. A prefeitura diz que é por conta de atropelamento, mas pedestre não atravessa aqui. Não vai aumentar a segurança.”

    Fonte: Folha de São Paulo