Trânsito de São Paulo mata ou fere 3 pessoas por hora

Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que 1.249 pessoas morreram em 2014, um aumento de 8,4%

Às 8h20 de 15 de outubro de 2014, o técnico de informática Roberson Miguel, de 35 anos, estava parado de bicicleta em um cruzamento da zona sul, quando foi atropelado. Não seria o único naquele horário. Um estudo da Prefeitura de São Paulo mostra que, no ano passado, três pessoas ficaram feridas ou morreram, a cada hora, em algum tipo de acidente de trânsito.

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  • Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) obtidos pelo Estado mostram que, no ano passado, 28.635 pessoas se feriram ou morreram no trânsito da capital. O estudo foi feito para saber se o aumento de velocidade dos ônibus em faixas exclusivas teve responsabilidade na morte de pedestres. Para a Prefeitura, não há relação.

    Apesar de alto, o número de vítimas em acidente de trânsito teve queda de 7,8% em relação a 2013, quando o índice foi de 31.085. No entanto, em 2014 o trânsito matou mais: foram 1.249 vítimas contra 1.152 no anterior – alta de 8,4%.

    No dia em que entrou para as estatísticas, Miguel estava de bicicleta na Avenida 9 de Julho com a Rua Turquia, nos Jardins, zona sul, aguardando o semáforo. Quando a luz verde acendeu, um carro saiu da faixa da esquerda, fechou outros veículos e atingiu o ciclista.

    “Acertou no meio da bicicleta. Eu ainda tentei me equilibrar, mas caí no meio da rua”, lembra. O acidente deixou Miguel afastado do trabalho por três meses já que, na queda, ele trincou o calcanhar esquerdo. O motorista fugiu do local.

    Dirceu Rodrigues Alves Junior, chefe do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, classificou como “assustador” o número de vítimas. De acordo com ele, falta educação de trânsito nas capitais. “Nossos motoristas aprendem a fazer o carro andar, mas não a dirigir”, disse. Segundo ele, o comportamento de pedestres, ciclistas e motoristas também influenciam na composição do cenário.

    Os aparelhos celular aliados a pouca educação na formação do motorista ajudam a compor o quadro de mortos e de feridos. “Se a pessoa está desatenta, com a cognição comprometida, ela desvia o foco, se distrai e se envolve em um acidente.”

    Segundo Horário Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), a cada multa aplicada a um motorista, outras 4 mil infrações foram cometidas por ele. “A ação educativa sempre tem que ficar associada à fiscalização”, disse Figueira.

    Diante desse cenário, a administração municipal tem reduzido a velocidade. A partir de segunda-feira, o limite nas Marginais será diminuído de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas. A Prefeitura também pretende reduzir para 50 km/h a velocidade padrão da cidade.

    Questionado sobre os acidentes, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que a CET estuda ampliar a quantidade de faixas e semáforos para pedestres na capital, principalmente, onde há corredores de ônibus. As travessias, segundo ele, “tem sido a maior fonte de problema”.

    Fonte: O Estado de São Paulo