Por falta de motoristas, 22 ônibus zero-quilômetro destinados ao transporte de passageiros estão parados há oito meses em um hangar do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.
A Infraero, estatal que administra o aeroporto, comprou os veículos em 2013, por R$ 415 mil cada – R$ 9,1 milhões no total. A entrega se deu em novembro e, desde então, os ônibus estão armazenados em um hangar da extinta Vasp, numa área pouco utilizada de Congonhas.
Os veículos deveriam ser usados para levar passageiros que embarcam ou desembarcam em uma posição conhecida como “remota” – fora das pontes de embarque.
Enquanto isso, passageiros estão sendo transportados no aeroporto em 19 ônibus que, segundo funcionários, têm problemas constantes.
Esses ônibus são alugados de uma terceirizada, também responsável pela manutenção. Os motoristas são igualmente cedidos pela empresa.
Em novembro, o site da Infraero anunciou a chegada dos ônibus, que têm “visual inspirado na bandeira do Brasil e na marca da empresa“.
Na ocasião da contratação, o governo federal especificou que os veículos têm capacidade para levar 52 passageiros, limitador de velocidade de 60 km/h, área reservada para cadeira de rodas e espaço para bagagens de mão.
A estatal estima que os 22 ônibus passem a rodar em até 60 dias – na segunda quinzena de agosto – em substituição aos 19 veículos atuais.
MOTORISTAS
O problema ocorreu porque foi necessário contratar motoristas para dirigir os novos ônibus, em outra licitação. Esse processo já foi homologado e está em vias de ser concluído, diz a estatal federal.
Como o contrato atual de cessão de motoristas está vinculado ao contrato anterior, de aluguel de ônibus, esses profissionais não podem ser aproveitados nos novos veículos, segundo a estatal.
O aeroporto de Congonhas receberia originalmente 27 ônibus, segundo o edital de contratação. Cinco foram transferidos para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Eles também estavam no aeroporto de Congonhas até o mês passado, quando foram levados para o novo destino.
A Infraero está em grave crise desde que o governo concedeu os aeroportos mais lucrativos à iniciativa privada, em 2012 e 2013.
Antes superavitária, passou a ter prejuízos sucessivos. No fim de 2014, havia a projeção de prejuízos operacionais de R$ 500 milhões durante 2015, rombo a ser coberto pelo Tesouro Nacional.