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quinta-feira, março 28, 2024

Prefeitura estuda ampliar projeto de transporte noturno de cargas em SP

A Prefeitura de São Paulo irá criar uma câmara oficial de discussão sobre a mobilidade do transporte de cargas na cidade para ampliar o projeto de entrega noturna, em teste na zona oeste da cidade. Os resultados desse projeto-piloto foram apresentados nesta segunda-feira (18) no seminário “O Futuro do Transporte de Cargas nas Grandes Cidades: Abastecimento e Mobilidade de Cargas Urbanas”. O prefeito Fernando Haddad participou nesta manhã do evento, que aconteceu na sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp).

“Nós vamos criar um departamento próprio para o transporte de cargas na secretaria, com uma câmara permanente de discussão. Eu considero o transporte de cargas um transporte coletivo, porque ele está cuidando de interesses coletivos. Um caminhão está abastecendo o comércio, a indústria, criando empregos. Se isso não estiver garantido, nós vamos ter uma crise de abastecimento ou encarecimento dos produtos, o que se reflete na qualidade de vida da cidade”, afirmou Haddad.

O departamento especializado, ligado à Secretaria Municipal de Transporte, será instituído por meio de um decreto. Será responsável por estabelecer um diálogo permanente com empresas do setor e com a Universidade de São Paulo (USP) para ampliar a implantação da entrega noturna para outras regiões da cidade.

No seminário, Haddad falou ainda sobre a parceria público-privada para instalação de lâmpadas LED em toda a rede de iluminação pública da cidade, que ampliará a segurança no período noturno. “Essa medida vai significar menos acidentes, menos atropelamentos, mais segurança para o motorista, mais segurança para o trabalho de policiamento. Vamos começar pelas zonas menos seguras da cidade, seja pelo trânsito ou pela criminalidade”, disse Haddad.

O projeto-piloto de entrega noturna aconteceu entre outubro de 2014 e março de 2015 em um perímetro da região oeste formado pelas marginais Tietê e Pinheiros, as pontes da Freguesia do Ó e da Casa Verde e as vias Marquês de São Vicente, Pompéia, Heitor Penteado, Dr. Arnaldo e Pacaembu.

O sistema de entregas aplicado nessa região foi desenvolvido por um grupo técnico criado em 2013, em diálogo com todos os atores do segmento, em especial os transportadores e grandes redes de comércio. “Ao invés de entregar uma lei específica pronta para o setor, escolhemos o caminho do diálogo. Esse é o primeiro passo para a construção de um plano de mobilidade do transporte de cargas na cidade”, disse o secretário Jilmar Tatto (Transportes).

A implantação foi realizada em parceria com 15 empresas, entre lojas de rua, shopping centers e home centers. As entregas eram realizadas das 21h às 5h. Também fazem parte do projeto o policiamento militar da região e a Subprefeitura da Lapa. “Os resultados foram bastante positivos, os transportadores ganharam tempo. Em relação ao barulho, as reclamações foram menores do que nós esperávamos, e não houve assaltos durante o período do piloto. Nós vamos apresentar todos os dados neste seminário e ampliar o projeto do ponto de vista do território e do ponto de vista de setores de mercadorias, com participação voluntária”, explicou Tatto.

Os resultados do projeto-piloto foram registrados e analisados pelo Centro de Inovação em Engenharia de Sistemas Logísticos (CISLog) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Durante o processo, foram avaliados a fluidez do tráfego, emissão de poluentes, produtividade das entregas, ruído e segurança. A pesquisa foi apresentada no seminário pelo professor Hugo Yoshizaki, do CISLog, e por Roberto Vitorino, diretor do Departamento de Operação do Sistema Viário da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

O objetivo do projeto de entrega noturna é reduzir a lentidão do tráfego e a emissão de poluentes. A cadeia produtiva busca ganhar eficiência, reduzir custos operacionais e tornar as entregas mais ágeis. “O transportador é o maior adepto desta medida porque ele já fez as contas. A entrega noturna é econômica. Por exemplo, para fazer um entrega de 25 toneladas de arroz em um supermercado do centro expandido à noite é utilizada uma carreta. Durante o dia, são seis VUCs [Veículos Urbanos de Carga], com seis entregas, seis tripulações, mais poluição e mais trânsito”, avaliou Manoel Sousa Lima Júnior, presidente do Setcesp. Segundo a entidade, a expectativa é que todas as empresas do setor adotem a medida.

Com a entrega noturna, é possível melhorar a mobilidade da cidade utilizando o sistema viário em um horário em que, atualmente, se encontra ocioso. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, 76 mil caminhões circulam por dia no centro expandido. Ao mesmo tempo, 80% do espaço das ruas e avenidas no minianel viário fica ocioso durante a madrugada. O centro expandido é uma área localizada ao redor do centro histórico, delimitada pelo minianel viário, composto pelas marginais Tietê e Pinheiros, mais as avenidas Salim Farah Maluf, Afonso d’Escragnolle Taunay, Bandeirantes, Juntas Provisórias, Presidente Tancredo Neves, Luís Inácio de Anhaia Melo e o Complexo Viário Maria Maluf.

Outro assunto em discussão com o setor é a ampliação em 90 centímetros do comprimento máximo permitido para os VUCs, cuja circulação pelo centro expandido é permitida. A iniciativa integra um conjunto de ações destinadas a organizar a circulação de veículos de carga na capital, que inclui ainda as discussões sobre a mudança de local do Ceagesp e a ampliação do Terminal de Cargas Fernão Dias, na Vila Maria. Além disso, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) vem desenvolvendo uma pesquisa inédita sobre a origem e o destino de cargas na cidade.

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    Paulistano, empresário, aquariano e prestativo. É apaixonado pelos temas marketing digital, mobilidade urbana, recursos humanos e empreendedorismo. É o criador dos sites de mobilidade do Grupo PLN. Quer entrar em contato com o Eduardo? Conecte com ele no LinkedIn ou envie um e-mail para eduardo@mobilidadesampa.com.br.

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