Promessa descarrilada das obras do Metrô e CPTM

Atrasos em obras públicas constituem antes a regra do que a exceção no Brasil. Ainda assim, chamam a atenção os recorrentes anúncios de adiamento em intervenções metroferroviárias na região metropolitana de São Paulo.

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) pretende construir 120 km de novos trilhos, mas, das 9 obras de expansão, apenas 1 está oficialmente em dia; 5 tiveram a entrega postergada, e as demais ainda não começaram – e já se pode adivinhar que não fugirão à regra.

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  • No caso mais recente, o governo transferiu para 2018 o término da segunda etapa da linha 5-lilás do metrô, na zona sul da capital. Se não houver um terceiro adiamento, a população receberá a totalidade desse trecho de 11,5 km quatro anos após o prazo original.

    A situação da linha 4-amarela é ainda pior. A ampliação está parada devido a uma disputa entre o governo e a empresa contratada. A previsão de entrega dos 3,8 km até a Vila Sônia ficou para 2018, distante 14 anos do início da construção.

    O imbróglio na linha amarela, aliás, resvala no surrealismo. Embora o trajeto Butantã-Luz funcione desde 2011, duas estações (Oscar Freire e Higienópolis-Mackenzie) dentro desse trecho ainda não foram abertas. Por que não se fazem, então, acessos mais simples e baratos, como é a prática inclusive em países desenvolvidos?

    Ao explicar os atrasos, o governo Alckmin invariavelmente culpa fatores externos, apontando para empresas que descumprem o estabelecido em contrato ou atacando dificuldades no licenciamento ambiental, por exemplo.

    Nos últimos meses, a alegação mais recorrente tem sido o atraso dos repasses por parte do governo federal. É o caso da linha 13-jade, planejada para chegar até o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Deveria estar em operação no ano que vem, mas dificilmente será inaugurada antes de 2018.

    O governador poderia acrescentar a essa lista o cartel que, segundo investigações, atuava no setor ferroviário de São Paulo. Sobrepreço, superfaturamento e fraudes na concorrência fazem muito pelo bolso de empresas e agentes públicos envolvidos, mas pouco pela expansão da rede.

    Vale lembrar que o metrô paulistano, inaugurado em 1974, tem 78 km, a maioria dos quais construídos antes das gestões do PSDB. Em comparação, Xangai, que lançou sua primeira linha metroviária em 1995 –quando os tucanos chegaram ao poder em São Paulo–, hoje ostenta mais de 500 km de trilhos.

    Dados o histórico de protelações e as crescentes dificuldades econômicas que o país atravessa, já se imagina que o governo tucano precisará pensar em novas desculpas.

    Fonte: Folha de São Paulo

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