“Por que, nas últimas semanas, o trem da linha 10 Turquesa tem levado o dobro do tempo de Mauá até Tamanduateí, CPTM?”, quer saber uma usuária do Twitter, nesta terça-feira (24). O twitter oficial da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não respondeu à pergunta, mas o tweet foi divulgado por outra conta, a @Linha10_CPTM, que monitora o transporte sobre trilhos que liga o ABC à capital. Reclamações como a da internauta são recorrentes. Segundo o responsável pela conta na internet, a linha férrea está “parada no tempo, sem receber qualquer investimento”.
O twitter faz parte de um projeto independente chamado Diário da CPTM, que apresenta informações em tempo real sobre os serviços da empresa. De acordo com as análises do administrador Ricardo Guimarães, as fortes chuvas que têm atingido a região provocam enchentes nos trilhos e reduzem a velocidade dos trens. “Mas esse não é o maior problema”, afirma o monitorador. “Há pouco tempo, os trens apresentavam princípios de incêndio com frequência. A Linha 10 foi a única a não receber trens novos. Problemas como esse só serão resolvidos com a renovação da frota”.
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De fato, o portal Repórter Diário divulgou, em 19 de fevereiro, um incêndio que aconteceu numa das composições do trem que seguia para Rio Grande da Serra, enquanto esteve na estação de Ribeirão Pires. A CPTM não se pronunciou sobre o ocorrido, limitou-se apenas a informar os usuários a respeito do problema através de seus canais oficiais na internet.
Ricardo Guimarães, que afirma receber informações “superficiais” da CPTM, cita que a companhia já realizou a compra de um novo lote de trens, mas não há previsão de quando será entregue. Especula-se, também, que a entidade incluirá trens da série 1100, mais antiga, para reforçar a atual frota de trens série 2100, mas “a empresa nega que esteja com planos de colocar tais composições na linha”, afirma o administrador. “Os trens que estão em funcionamento são feitos para percorrer longas distâncias, não são feitos para atingir grandes velocidades, não são a melhor opção para o transporte no meio urbano”, esclarece.
Participação
Quem segue e acompanha os perfis nas redes sóciais do Diário da CPTM podem contribuir com informações, imagens e reclamações. Nos últimos dias, observa-se que a conta @Linha10_CPTM tem difundido mensagens indignadas dos moradores do ABC que enfrentam dificuldades no trajeto até São Paulo. Estações lotadas e as sujeiras nos seus entornos, que não são de responsabilidade direta da CPTM e sim das prefeituras, também incomodam os usuários. O perfil tira dúvidas dos usuários, informa previsões de regularização da velocidade das vias, e cede informações oficiais da CPTM. “Mas não temos restrição nenhuma em informar o que realmente acontece”, diz Ricardo Guimarães.
O Diário da CPTM foi criado em 2010, quando os novos trens da CPTM começaram a circular. O administrador afirma tomar cuidado para não divulgar dados falsos em sua conta. “Eu sempre checo, antes, diretamente com a companhia, para saber se há procedência no que os seguidores dizem. O aplicativo CPTM Oficial também ajuda nesse processo”, conta o administrador. “Quando criei a proposta, tomei a liberdade de fazer o que a empresa não fazia, que era se comunicar com os usuários, e isso é o que ainda busco fazer”.
CPTM
A companhia informou, em nota, que, como os trilhos circulam a céu aberto, os serviços estão sujeitos as interferências do tempo, como chuvas, alagamentos, raios, quedas de árvores, além de invasões de veículos e pessoas na faixa ferroviária. No que diz respeito ao tempo, a CPTM afirma consultar o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo e a Defesa Civil do Estado de São Paulo para, em caso de chuvas fortes, reforçar a equipe de manutenção e de funcionários. Há também para-raios instalados e obras pontuais executadas em trechos onde os alagamentos são mais críticos.
A empresa, porém, ressalva que “a solução definitiva (dos problemas) depende de ações conjuntas com órgãos estaduais e prefeituras. A CPTM esclarece que vem atuando junto aos órgãos envolvidos no sentido de realizar ações conjuntas, para que efetivamente seja obtido o resultado esperado”, diz a assessoria.
Por fim, a CPTM afirma que a infraestrutura está sendo modernizada, com novas estações sendo construídas e reformas nas antigas. Não é informado, porém, o prazo para finalização de tais obras. “Estão em fabricação mais 65 trens, que começam a ser entregues a partir do fim deste ano”, promete a companhia.
Créditos: Repórter Diário (Victor Hugo Félix)