Movimento Passe Livre realiza terceira manifestação na Zona Leste

A nossa equipe MobSampa acompanhou nesta Terça (20/1) todos os detalhes da manifestação do Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste das tarifas de ônibus, trens e metrô para R$ 3,50 na Zona Leste de SP. Acompanhamos desde o início a movimentação dos passageiros na estação Tatuapé do Metrô e ruas adjacentes, a concentração dos manifestantes na Praça Silvio Romero, o trajeto dos manifestantes do MPL pelas ruas do bairro do Tatuapé, o trajeto pela Radial Leste, Viaduto Guadalajara e a chegada dos manifestantes ao Largo São José do Belém. Até aqui o ato foi extremamente pacífico, porém no Metrô Belém onde houve a dispersão dos manifestantes tiveram atos de vandalismo. Vamos relatar também os impactos que essa manifestação causou no trânsito, no comércio e para os moradores.

METRÔ TATUAPÉ

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Na estação Tatuapé por volta das 17h a movimentação de passageiros era bastante intensa de passageiros que iriam utilizar tanto os ônibus, o Metrô e os trens da CPTM. Muitos comerciantes liberaram os funcionários mais cedo do serviço devido ao trajeto do MPL passar em diversas ruas do bairro do Tatuapé, foi devido a isso a grande movimentação de pessoas no local. Tinham muitos policiais nas entradas do Shopping Metrô Tatuapé, na esquina da Rua Tuiuti com Av. Radial Leste e na própria Rua Tuiuti. Muitos comércios na Rua Tuiuti estavam fechados até a altura da Praça Silvio Romero onde os manifestantes estavam concentrados.

TATUAPÉ

O grupo do MPL começou a se concentrar na Praça Sílvio Romero, no Tatuapé, por volta das 17h. Eles votaram o trajeto decidindo ir até o Largo São José do Belém e iniciaram a caminhada às 18h45 pela Rua Serra de Bragança. Tiveram outras propostas para seguirem até a sede da Prefeitura de São Paulo ou até o Terminal Parque Dom Pedro II, mas estas tiveram baixa votação.

O grupo do MPL ao terminarem de percorrer a Rua Serra de Bragança, desceram a rua Itapura e por onde a manifestação passaria a PM já realizava bloqueios nas ruas adjacentes para os veículos não transitarem. Haviam alguns mascarados entre os manifestantes e a todo momento os policiais fotografavam e filmavam o grupo.

Ao sairem da Rua Itapura o grupo entrou na Rua Platina, passando pela Praça Barão de Itaqui, logo depois começaram a subir a Rua Serra do Japi. Na Rua Serra do Japi, há muitos condomínios residenciais e vimos muitos proprietários de veículos retirando os carros, além dos comerciantes fechando alguns comércios e nos prédios muitos moradores tirando fotos e vendo de longe a manifestação.

Quando o grupo chegou no cruzamento das Ruas Serra do Japi e Tijuco Preto, a PM bloqueou a passagem de veículos por esta última via, para o grupo continuar o trajeto pela Rua Tijuco Preto. Alguns metros depois a grande maioria dos manifestantes ficaram sentados na rua, pois um ex-metroviário demitido na greve do Metrô em 2014 fez um pequeno discurso em apoio ao MPL.

Num ponto da Rua Tijuco Preto flagramos alguns moradores tacando pedras em alguns manifestantes, por sorte estas pedras não atingiram ninguém. Após saírem da Rua Tijuco Preto, o grupo do MPL adentrou a rua Fernandes Pinheiro. Durante a caminhada no cruzamento desta via com a Rua Padre Estevão Pernet a condutora de um veículo tentou cruzar a via mas acabou desistindo e recuou já que o grupo estava a poucos metro dali, percebemos que a senhora estava bastante assustada com o que via. Os moradores e comerciantes da Rua Fernandes Pinheiro ficavam na frente de suas casas e estabelecimentos acompanhando o grupo passar e para tirar fotos.

RADIAL LESTE

O grupo chegou no cruzamento da Rua Fernandes Pinheiro com a Avenida Radial Leste onde a PM já fazia um bloqueio para os veículos não transitarem, tanto no sentido do Centro e do Bairro. O trânsito ficou completamente congestionado nos dois sentidos da Radial Leste, antes de cada bloqueio, enquanto o grupo fazia o seu trajeto no sentido Centro. Os policiais militares diferentemente dos outros dois atos não aplicaram o chamado envelopamento, quando uma linha caminha ao lado dos manifestantes bloqueando os acessos laterais. Ao passar pela estação Tatuapé, observavamos muitos populares encima das passarelas no entorno da estação, até das plataformas da CPTM tinha gente observando, o curioso é que diversos manifestantes convidavam os populares que estavam nas passarelas a descerem para acompanhar o grupo pois alegavam que estavam fazendo a manifestação em prol deles.

Flagramos diversos menores de idade acompanhando a manifestação, num certo momento vimos outros profissionais da imprensa chamando a atenção de alguns deles para não fazerem bagunça. Quando o grupo chegou na altura do Metrô Belém, encima da passarela os seguranças do Metrô impediram um grupo de estender uma faixa com os dizeres ‘contra a tarifa’ do Movimento Passe Livre e a todo momento o grupo ameaçava subir na passarela para estender a faixa e gritavam “Libera a faixa, libera a faixa!”. Por fim, apenas uma camiseta foi estendida e o grupo continuou o trajeto. No cruzamento do final da Avenida Álvaro Ramos com a Radial Leste havia um forte contigente de policiais da tropa de choque e da Força Tática fazendo uma enorme barreira.

Logo após, o grupo saiu da Radial Leste e percorreu a Rua Silva Jardim até chegarem no Viaduto Guadalajara, este que liga a Rua Siqueira Bueno com o Largo São José do Belém. No cruzamento da Radial com a Rua Silva Jardim o trânsito foi interditado no sentido do bairro e posteriormente o trânsito no Viaduto Guadalajara foi bloqueado nos dois sentidos. O trânsito ficou parado. No meio do viaduto os manifestantes pararam e insultavam a PM gritando “a PM de São Paulo fica bloqueando o trânsito na Radial e depois falam que somos nós que bloqueamos, liberem a Radial pro povo ir pra casa”.

Ao chegarem no Largo São José do Belém já tinha um forte aparato policial, com a tropa de choque, Força Tática e muitas viaturas. O comércio estava com as portas fechadas e outros com as portas meio abertas. Os manifestantes sentaram na pista e encerraram a manifestação decidindo que o próximo ato será nesta próxima Sexta 23/01 às 17h com concentração no Theatro Municipal no Centro da capital paulista.

METRÔ BELÉM

A partir de então o grupo começou a se dispersar e caminharam pela Rua Júlio de Castilhos em direção ao Metrô Belém, a todo momento gritando “vamos pular as catracas”. O trânsito pelo Viaduto Guadalajara e no entorno do Largo São José do Belém foram liberados aos poucos pela PM.

Quando os manifestantes chegaram no Metrô Belém ficaram subindo e descendo a todo momento as escadarias do Metrô Belém gritando palavras como “vem pra rua vem contra a tarifa” e muitos populares que não tinham nada a ver com a manifestação se assustaram e corriam. Muitos dos comerciantes ao redor da estação com medo e fecharam seus estabelecimentos. Algumas comerciantes das barracas que vendem água e salgados ficaram com medo dos vândalos pegarem os cocos e começarem a tacar nas pessoas. Um grupo de black bloc tentou pular as catracas do Metrô mas antes de chegarem os portões já estavam fechados e tinha um forte aparato da tropa de choque e da Força Tática da PM. Então eles praticaram atos de vandalismo em outras partes da estação, chutando os portões, quebrando as bilheterias, destruindo lixeiras e espalhando lixo, rasgando anúncios publicitários e fazendo muitas pichações. A PM soltou bombas de gás de pimenta para dispersar os grupos mais exaltados que se dispersaram pela passarela da Radial Leste e nos arredores dos dois terminais de ônibus. Vimos muitos passageiros correndo e desesperados com medo daquela confusão toda.

Logo depois apenas um portão ficou aberto para o embarque e desembarque de passageiros e a tropa de choque permaneceu posicionada no local até por volta de 22h. Após este horário a situação se normalizou e no local só permaneciam alguns outros profissionais da imprensa e os seguranças do Metrô que ficaram no único portão que permaneceu aberto.

Confira abaixo a galeria de fotos e vídeos realizados por Eduardo Silva.